Sobre criatividade: Com Deus, nunca ficaremos sem boas ideias

O estúdio de arte de Greg Olsen é um verdadeiro tesouro de histórias.

Quando visitei seu espaço em Heber, Utah, logo notei uma variedade de objetos—uma armadura, uma coleção de livros de Monet, uma máquina de escrever, um capacete de mergulho dourado e até um balanço.

Greg reuniu muitos desses artefatos enquanto criava uma obra encomendada para a Universidade Brigham Young, apropriadamente chamada Tesouros do Conhecimento.

Essa pintura retrata um jovem e uma jovem estudando juntos em um ambiente parecido com o estúdio de Greg, intencionalmente preenchido com objetos que simbolizam a busca pelo conhecimento—como livros, instrumentos científicos, um globo e um violoncelo.

Se olhar de perto, você pode até notar uma pintura dentro da pintura: uma das obras mais reconhecidas de Greg, intitulada Mundos Sem Fim.

Conhecendo o estúdio de Greg Olsen

O estúdio é mais do que uma coleção de telas e objetos; é um testemunho das experiências únicas, viagens e aprendizados de Greg.

Por exemplo, o que parece ser apenas uma torre de blocos de um castelo simboliza a identidade divina de uma criança, e uma pintura de um violinista é uma homenagem à filha de um amigo de Greg.

A energia criativa e as ideias praticamente transbordam do ambiente, o que é ainda mais impressionante considerando o quanto Greg já criou. Seu catálogo online inclui mais de 215 impressões, e suas pinturas religiosas podem ser encontradas em templos de mais de 20 países.

Seu trabalho também faz parte de diversas coleções corporativas, incluindo a Mobil Corporation, a Sociedade Americana do Câncer, o Serviço Florestal dos EUA e o Pentágono.

Mas o sucesso não veio automaticamente. Ao longo da vida, Greg precisou nutrir continuamente sua criatividade para manter sua carreira. E, embora tenha idade para se aposentar, sua paixão pela arte não diminuiu nem um pouco—na verdade, parece estar crescendo ainda mais.

“Ó Jerusalém” por Greg Olsen

Um artista pobre

Greg atribui sua paixão pela arte à infância em Iona, Idaho. Ele cresceu perto da fazenda dos avós e encontrou inspiração nas cenas rurais ao seu redor, desenhando seu avô trabalhando nos campos e esboçando paisagens com tratores, gado e fardos de feno.

Ele sente que sua vocação artística foi quase genética, descrevendo sua mãe como uma “pintora de fim de semana” e seu pai como um “cara do design gráfico”.

“Talvez isso já estivesse no meu sistema”, diz Greg. “Eu sempre tinha cadernos de desenho e os preenchia. Era algo para o qual eu naturalmente me inclinava.”

Ele estudou ilustração na Universidade Estadual de Utah, onde também conheceu sua esposa, Sydnie Cazier. Hoje, eles têm seis filhos e 18 netos (com mais um a caminho).

Começar e sustentar uma família nem sempre foi fácil, especialmente no início da carreira de Greg. “Houve um tempo, no começo da minha carreira, em que foi realmente difícil”, diz ele. “Sabe aquele estereótipo do artista pobre? Esse era eu.”

Greg K. Olsen
“Airship Adventures” por Greg K. Olsen

Aventuras num dirigível

Greg credita sua perseverança na arte e sua capacidade de sustentar a família à ajuda divina e ao apoio inabalável de Sydnie. “Ela sempre teve uma fé simples e sempre, sempre foi positiva.”

O filho de Greg, Nate, também reconhece o impacto da mãe. “Minha mãe tem um olhar artístico que ajudou muito”, diz Nate. “Ela foi fundamental para que meu pai assinasse com sua primeira editora. Ela foi para Nova York com uma amiga e montou um estande. Minha mãe é o coração da festa, então não me surpreende que ela tenha sido a pessoa certa para esse tipo de evento.”

Nate conta que a criatividade e o senso de diversão dos pais criaram um forte laço familiar. Um dia, ao voltar da escola, encontrou a mesa da cozinha transformada com um lençol, vassouras e capacetes. Greg convidou Nate e sua irmã mais nova, Heather, para brincar de “imaginação”, e essa experiência inspirou uma pintura lúdica chamada Aventuras no Dirigível.

“Sinto que meu pai é tipo o Walt Disney quando cria essas experiências mágicas”, diz Nate. “Para ele, pintar era quase um desdobramento secundário de brincar com a gente. … Eu sempre digo às pessoas que ele é um artista muito bom, mas é um pai ainda melhor. Ele é meu melhor amigo e um grande exemplo para mim. 

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Imagens do caráter de Cristo

Mesmo antes de ser comercialmente viável, Greg sabia que precisava pintar Cristo para cumprir sua própria visão criativa.

Como missionário em Toronto, Canadá, ele teve a oportunidade de criar uma pintura inspirada no trabalho missionário. Seu presidente de missão o incentivou a presentear a obra ao presidente Spencer W. Kimball, que estava visitando a área para uma conferência.

O presidente Kimball elogiou os talentos de Greg e o incentivou a continuar criando arte religiosa. “Talvez possamos usá-la na Igreja”, Greg relembra.

Greg levou essa sugestão a sério, mas na época, muitas galerias e editoras não se interessavam por cenas religiosas. Assim, ele se concentrou principalmente em encomendas, retratos e arte do oeste americano.

Após a faculdade, Greg trabalhou como ilustrador em Salt Lake City por dois anos antes de se dedicar totalmente à pintura.

Então, um convite em 1988 mudou tudo. Um generoso colecionador de arte convidou Greg e sua esposa para viajar a Jerusalém com eles. A viagem inspirou várias pinturas e abriu portas para que a arte religiosa de Greg se tornasse mais conhecida.

Retratar o Salvador

Hoje, Greg já criou mais de 70 imagens de Cristo, cada uma destacando diferentes aspectos de Sua vida, caráter e missão divina.

“Pintar o Salvador sempre foi algo desafiador para mim”, diz Greg. “É um tema muito intimidador de abordar, porque não sei como fazer justiça a Ele.”

Ele reconhece que muitas pessoas associam Cristo a imagens estereotipadas baseadas em pinturas europeias, mas essas representações nem sempre são historicamente precisas ou ressoam com todos. Por isso, ele busca criar diferentes representações, focando nos atributos de Cristo.

“A maneira como tento retratar o Salvador… tem mais a ver com meus sentimentos sobre Ele do que com Sua aparência física”, diz Greg. “Tenho plena consciência de tentar capturar uma representação de alguém que sinto ser amoroso, gentil, compreensivo e acolhedor.”

Nate percebeu que um público amplo se identifica com as mensagens das pinturas do pai, incluindo muitas pessoas que não se consideram religiosas ou cristãs.

“Essas imagens que representam Jesus também representam certas qualidades que tentamos emular como seres humanos, como amor, compaixão e perdão”, diz Nate. “E isso é algo universal… coisas boas que qualquer pessoa pode abraçar.”

Movimento e meditação

Greg se treinou para buscar fontes que possam despertar a criatividade—seja notando um pensamento passageiro, brincando com seus netos ou apreciando o trabalho de outros artistas, escritores e músicos.

“As ideias podem vir de todos os tipos de lugares: algo que li, algo com que sonhei, algo que vi em minhas viagens”, diz ele.

O segredo para reconhecer e agir sobre a inspiração, segundo ele, é registrar as ideias. Greg sabe por experiência que até grandes ideias podem ser esquecidas, então ele sempre carrega um pequeno caderno para anotar pensamentos e fazer esboços rápidos.

Assim como a fé, a criatividade muitas vezes envolve desafios. À medida que crescemos e desenvolvemos nossos dons divinos, pode ser necessário enfrentar o desconhecido e seguir em frente até que o quadro completo — ou as cores — fiquem mais claras.

“Nas coisas do evangelho, às vezes você precisa, como dizem, dar um passo para fora da luz e entrar na escuridão, e então tudo vai sendo revelado aos poucos”, diz Greg.

Ele reconhece que a inspiração artística pode ir e vir. Houve momentos em que sentiu uma orientação clara para criar certas pinturas e outros em que precisou lidar com a sensação de estar por conta própria, tentando descobrir o próximo passo certo.

‘O reino dos céus está dentro de nós’

Mesmo nos dias menos criativos ou inspirados, Greg tem um testemunho de que todos podemos receber orientação divina — mesmo que nem sempre a reconheçamos. Para se manter receptivo ao Espírito, ele prioriza a meditação:

“Passo alguns minutos [todos os dias] tentando deixar o mundo físico de lado. As escrituras falam que ‘o reino dos céus está dentro de nós’. E é quase como se fosse um lugar real. Você pode ir até lá para encontrar descanso, se conectar, receber ideias, inspiração e revelação. E o verdadeiro desafio, para mim, é tentar sintonizar esse lugar — momento a momento — ao longo do dia.”

Além da meditação, Greg acredita que estar na natureza é essencial para superar bloqueios espirituais ou artísticos. “Ver uma nova paisagem, mesmo que seja apenas uma rua diferente no caminho de casa… fazer algo que quebre a rotina daquilo que você está acostumado a fazer”, recomenda.

Assim como a oração, o processo criativo exige tanto esforço quanto entrega — uma parceria com Deus que inclui abrir mão do controle sobre o resultado final.

“As melhores coisas que aconteceram comigo, eu não pude prever ou planejar”, diz Greg. “Sempre tentei me manter em movimento. E então, portas vão se abrindo ao longo do caminho, e é meio milagroso quando isso acontece.”

“Even a Sparrow” por Greg Olsen

Criatividade em todas as fases

Como o balanço em seu estúdio ilustra, Greg gosta de estar em movimento — e pretende continuar criando arte pelo máximo de tempo possível.

Embora tenha completado 65 anos recentemente, uma idade em que muitos pensam em aposentadoria, ele está mais empolgado do que nunca para focar na pintura nesta nova fase de sua carreira.

Sua parceria com a Deseret Book permite que ele deixe de lado algumas das preocupações mais burocráticas e práticas de ser um artista, dedicando sua energia à criação de arte e ideias. “É como voltar a ser criança”, ele diz. “Você simplesmente faz as coisas porque quer fazê-las.”

Greg admite que seu pulso e sua visão não são mais os mesmos de antes, mas acredita que sua fase de vida atual traz ainda mais potencial criativo a longo prazo. Sobre envelhecer, ele comenta: 

“Para ser honesto, estou realmente ansioso para aproveitar esses anos que me restam, e… tenho uma leve suspeita de que essa alegria se reflete na criatividade.”

Nesta nova fase, Greg está explorando temas e mídias diferentes, animado para aprimorar suas habilidades em escultura, uma forma de arte que não pratica há anos.

Greg K. Olsen
“Precious in His Sight” por Greg K. Olsen

Uma jornada de transformação

Novos começos são um tema recorrente em sua arte, e Greg frequentemente inclui borboletas como símbolo de nosso potencial divino:

“Sempre pensei: será que uma lagarta tem ideia do que vai se tornar um dia? Assim como nós. Será que temos noção do que nossa herança divina nos reserva?”

Seja nos sentindo como lagartas famintas no início da jornada ou como borboletas-monarca florescendo em nossas paixões criativas, todos temos um potencial inato como filhos de Pais Celestiais.

E, à medida que nos voltamos para Deus, Ele nos ajudará a crescer em nossos papéis divinos como criadores — em todos os aspectos da vida. E essa jornada de transformação nunca termina.

Visitar o estúdio de Greg e conhecer sua incrível variedade de obras me lembrou que a criatividade é eterna. Não preciso me desanimar quando enfrento um bloqueio criativo ou me preocupar com a quantidade de inspiração espiritual que recebo. 

Acredito que, ao nos mantermos em movimento e confiarmos os resultados a Deus, Ele fará muito mais com nossos esforços do que podemos imaginar.

Greg já é um artista influente em sua trajetória criativa, mas está apenas começando. E eu mal posso esperar para ver o que vem por aí.

Fonte: LDS Living

Veja também: O convite do profeta para um artista retratar fé e esperança

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