Jesus abominava a riqueza e incentiva as pessoas a se manterem pobres?
Apesar de algumas passagens sugerirem que o Senhor Jesus Cristo repudiava as riquezas e os ricos – isso não é absolutamente verdade. Também não é verdade a ideia de “teologia da prosperidade” – que supõem que quanto mais reto uma pessoa, mais rico ela fica.
O Senhor incentivou o jovem rico a dar tudo que possuía aos pobres, disse que ninguém pode servir a Deus e a “mamon” (riquezas mundanas”) e contou várias parábolas menosprezando os ricos – tal como a do rico e o Lázaro, onde o primeiro vai para o inferno. Entretanto, o ensinamento do Mestre ia contra as riquezas como prioridade – ou seja, quando elas se tornavam mais importante que Deus e Sua obra.
O Presidente Joseph F. Smith deu-nos o correto entendimento sobre esse ponto doutrinário:
“Tenho pena do homem rico que ama seu dinheiro mais do que a Deus. (…) Algum dia ele será pesado na balança, e será mostrado que ele ama o mundo mais do que a Deus. (…) O Senhor disse que é difícil um rico entrar no reino do céu. Não porque o homem seja rico, pois o Senhor determinou que seremos o mais rico de todos os povos. Conseqüentemente, não pode haver crime no fato de alguém ser rico. O crime não está na posse do dinheiro. Frequentemente ouvimos alguém citar que “o dinheiro é a raiz de todos os males”. Mas isso não é verdade. Não é isso que dizem as escrituras. Elas declaram que o amor ao dinheiro é que é a raiz de todos os males. [Ver I Timóteo 6:10.] (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, capítulo 19)
O Salvador não era um líder carismático que pregava o total desprezo das boas coisas do mundo, nem um filosofo que se irritava com os ricos e a prosperidade. Cristo certamente pregava que o espiritual era superior ao material, mas que devíamos buscar o bem-estar material, tanto quanto o espiritual (Mosias 4:26, 18:29; D&C 14:11, 24:3, 77:2
Riqueza no Velho Testamento
O Salvador seguia os ensinamentos e preceitos do Velho Testamento. Na cultura hebraica ficar rico não era um pecado. Esse pensamento surgiu na Idade Média, com a tirania dos nobres e dos lideres religiosos. Abraão era muitíssimo rico. Jacó ficou muito rico em vida. José não só prosperou mas fez o mundo em seu tempo prosperar junto. E Jó era um homem sumamente rico, mas perdeu tudo ao ser provado. Todavia, após passar nos testes recebeu toda sua fortuna em dobro. Deus lhe abençoou materialmente.
Vemos que foi importante para Salomão construir o Templo de Deus da melhor maneira possível – adornando-o com materiais caros e belos.
Assim não é difícil concluir que o Deus do Velho Testamento desejava que seu povo prosperasse materialmente e se tornassem poderosos na Terra. Entre os dez mandamentos encontramos o de trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Trabalhar seis dias! É importante trabalhar. Trabalhar para prosperar!
Riqueza no Novo Testamento
Alguns veem o nascimento de Cristo em circunstancias humildes como evidência de que a pobreza se liga com a santidade. O Senhor do Universo estava numa manjedoura. Embora José e Maria estivessem num estábulo na noite da natividade, onde Cristo nasceu – estavam numa casa quando os magos os visitaram. O que significa que prosperaram. José trabalhava para se manter. Cristo também trabalhava com José.
No Sermão da Montanha é importante notar que Cristo fez parte de seu discurso a um grupo específico. Esse grupo se tornariam seus apóstolos. Foi a eles que Cristo ensinou os princípios da lei da consagração e o repúdio ao mundo. Para multidão ele não deu esses mandamentos. Entretanto ele falou a todos a maneira de orar: agradecemos pelo pão de cada dia. Ora! O pão que Deus nos dá não cai do céu – como o maná – vem pelo suor de nosso rosto. Por isso esta implícita a noção de trabalho.
E embora ele tenha providenciado milagrosamente Pão em pelo menso duas ocasiões – quando Ele ensinou que Ele era o Pão da Vida, e que as pessoas deviam viver seus ensinamentos, muitos o deixaram. Às pessoas queriam um caminho fácil, mas Ele enfatizava o valor do trabalho, dizendo que Seu Pai trabalhava (João 5:17).
Ensinamentos do Senhor
É verdade que o Senhor ensina no Sermão da Montanha a não acumular tesouros na Terra, onde a traça e ferrugem os consomem e os ladrões minam e roubam. E que é bem-aventurado o que é pobre. Mas ele esta dizendo que se tivermos o coração nas riquezas morreremos e esta dizendo que o pobre é o pobre de espírito, não necessariamente o pobre de bens materiais.
É muito claro seu ensinamento: Buscai primeiro, o reino de Deus e sua justiça e todas as coisas – inclusive as materiais – lhe serão acrescentadas. A prioridade deve sempre ser Deus. Temos o mandamento de sermos o sal da Terra e sabor dos homens. Olhe um dos mais relevantes ensinamentos do Senhor: o sal era algo caro em sua época. Deviam seus seguidores ter um valor tal como sal. Deviam também ser a luz do mundo. Uma das formas de brilharem perante os homens certamente incluía a prosperidade e serviço o próximo com os bens que Deus lhe abençoara ou abençoaria. Quão difícil seria dar esmolas aos pobres, sendo um pobre que necessita de esmola!
Ninguém pode servir a Deus e a Mamon. Mamon significa riquezas da Terra. A raiz do mal é o orgulho. Por causa do orgulho civilizações inteiras foram destruídas. Entretanto, se tivermos Deus em nosso coração, se nossos olhos estiverem fitos Nele, e nosso corpo estiver cheio de luz, as riquezas dessa Terra – que nos serão acrescentadas – gerarão bons frutos. De fato teremos como edificar uma casa sobre a Rocha e ajudaremos outros a fazerem o mesmo. Teremos condição de dar boas coisas a nossos filhos e compreenderemos a promessa de pedir e receber – pois ela será uma verdade para nós, e por intermédio de nós, será uma realidade para outros.
O Sermão da Montanha expressa a grandiosidade de Deus – ele é Todo-Poderoso, sendo que veste a erva do campo com glória maior do que se vestiu Salomão, mostra que ele deseja nos suster, vestir e cuidar. Mas mais importante dá o divino mandamento de sermos tão perfeitos como Nosso Pai que esta nos céus. Se cremos que Deus tem tudo, porque não deveríamos procurar ter também?
Outros ensinamentos de Jesus Cristo sobre riqueza
Sobre a alegação que é muito difícil um rico entrar no céu: poderia ser interpretada da seguinte maneira – é muito difícil alguém que tem o coração nas riquezas, na idolatria, no mundo, entrar no reino dos céus, porque este é orgulhoso. Jó disse: “Eu sei que meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a Terra” A fé desse homem o fazia crer que ele veria Deus, viveria com Ele. Suas grandes fortunas não o impediam de progredir. O Jovem Rico, ao contrario, colocou a riqueza acima de Deus, pois não desejava consagrar tudo que possuía. O pecado não é ser rico, o pecado é ser egoísta e cobiçoso.
Quando Cristo disse “dai a Cezar o que é de Cezar” explicitou que devemos cuidar também dos assuntos materiais. Não devemos ser do mundo, nem ter o coração em Mamon. Entretanto devemos estar no mundo – o que significa se envolver, participar e prosperar com as coisas boas que o mundo oferece. Devemos cumprir nossas responsabilidades civis e sociais.
Alguns afirmam que todos os seguidores de Cristo eram pobres e marginalizados. Nem todos. Os três reis magos eram homens de posses quando visitaram Cristo. Mateus era um publicano (o que significava que tinha status bem diferente de pobre), Paulo era um membro do sinédrio – o que lhe dá um destaque social. Nicodemos era um fariseu de alta reputação. Lucas era um médico bem conceituado que escreveu seus livros a Teófilo, um homem de proeminência social. José de Arimatéia era um homem rico que solicitou o corpo de Cristo. Embora Pedro seja um pescador, deve-se levar em consideração que a pesca era uma atividade lucrativa naquela época. Parece que ele tinha homens que trabalhavam para ele, além de seu irmão. O Centurião e Jairo parecem ser homens de grande posse. Todos os que seguiram Cristo foram perseguidos, fossem ricos ou pobres. Mas o preço do discipulado não significava e nunca significaria miséria, embora a pobreza pudesse vir como prova de fé.
A riqueza pode ajudar obra de Deus
A riqueza pode contribuir para o desenvolvimento do reino de Deus. Por isso o mandamento: “Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos” (Lucas 16:9). Sem dúvida é importante haver um local para adorar a Deus, é importante ter uma capa para doar, e uma quantia para dizimar. A Bíblia ensina que o homem deve prosperar em todos os aspectos para contribuir com a obra e glória de Deus.
As escrituras modernas ampliam todos os conceitos discutidos acima. Elas dizem que Deus deseja nosso bem-estar material, e que devemos pregar “primeiro ao rico e instruído” (D&C 58:10), e depois ao pobre (D&C 58:11). Talvez isso indique que os ricos conversos darão melhores condições para para a manifestação do “dia do (…) poder” de Deus, ajudando a preparar o Reino para “o pobre, o coxo e o cego e o surdo”.
Em Doutrina e Convênios também aprendemos que é da vontade do Pai dar riquezas a seus filhos enquanto na mortalidade (D&C 38:39).
O Livro de Mórmon ensina sobre buscar riquezas
O Livro de Mórmon ensina repetidamente que Deus faz os justos “prosperarem na Terra” (1 Néfi 2:20, 4:14; 2 Néfi 1:9, 20; Mosias 2:22, 12:15; Alma 45:8, 48:15; 3 Néfi 1:7, 6:4-5).
Uma das mais importantes passagens do Livro de Mórmon sobre o tema das riquezas é essa:
“Mas antes de buscardes riquezas, buscai o reino de Deus.
E depois de haverdes obtido uma esperança em Cristo, conseguireis riquezas, se as procurardes; e procurá-las-eis com o fito de praticar o bem — de vestir os nus e alimentar os famintos e libertar os cativos e confortar os doentes e aflitos.” (Jacó 2:18-19)
Essa é a perspectiva correta do Evangelho do Salvador. Que bênção que Martins Harris era um homem prospero que pode financiar a impressão do Livro de Mórmon hipotecando sua fazenda. Se ele não fosse um homem rico, talvez não teríamos o precioso ensinamento acima. Assim, as riquezas não só más em si, mas o fato de colocá-las acima de Deus e Sua obra.
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