Quando você descobre que seu filho está envolvido com pornografia

É uma situação comum: estou sentado no meu consultório pouco iluminado, eu na minha cadeira e um pai com seu filho no sofá. O pai está um pouco nervoso ao explicar que eles descobriram que seu filho está vendo pornografia. O menino está olhando fixamente para o tapete, tentando desaparecer de alguma forma.

A pergunta que é freqüentemente feita é “então, isso é um vício?” Pais e filhos querem saber. Ou melhor, eles esperam que eu concorde com a opinião já formada por eles sobre o assunto. Essa situação é assustadora e por isso sofro junto com as famílias que passam por isso. Mas também me preocupo com um  jeito diferente de encaramos a situação. Uma maneira que se parece mais com o a maneira do Salvador.

A sabedoria de Cristo

Jesus estava sempre compartilhando histórias diferentes. E eu amo isso. Histórias como um “pai de família” que paga todos os seus trabalhadores com o mesmo salário, independentemente de quanto tempo eles trabalharam (ver Mateus 20:1-16). Ou a história que o talento não investido é tirado do servo mais pobre e entregue ao mais rico (ver Mateus 25: 14-30). Por que o salário ou o talento não foi igualmente distribuído?

Paulo entendia bem os ensinamentos de Cristo, o que muitas vezes parecia ilógico à primeira vista. “Ninguém se engane a si mesmo”, escreveu Paulo. “Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus ”(Coríntios 3:19). Pode ser fácil de esquecer que nossos instintos nem sempre estão a nosso favor.

Veja, por exemplo, a parábola do fariseu e do publicano:

“E contou também esta parábola a alguns que de si mesmos confiavam que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar: um fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.” (Lucas 18: 9-12).

Na teoria, esse fariseu parece ser muito bom. Ele está evitando as coisas ruins e buscando fazer o bem. Mas Jesus não ficou muito impressionado.

“O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia em seu peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (Lucas 18:13-14).

O mundo mede a dignidade pelo comportamento. Quão ruim foi o pecado? Com que frequência isso acontece? Não é que essas coisas não sejam importantes; é só que Cristo sempre estava medindo as coisas pelo coração, não necessariamente pelos comportamentos externos.

Então, como seria se adotássemos essa mesma abordagem, baseando-nos no coração, com nossos filhos sobre a pornografia?

Cristo

Mudar a Pergunta

Pesquisas científicas estão concordando com a sabedoria cristã – a pornografia pode ser tóxica. Então, faz sentido que, quando descobrimos que um de nossos filhos acessou a pornografia, a pergunta imediata é “quão ruim é isso? Meu filho é viciado ou isso é apenas um hábito?”

A diferença entre o vício e o hábito parece ser incrivelmente importante. E não posso dizer que a gravidade do problema não é importante. A gravidade do uso da pornografia e o papel que a pornografia desempenha na vida de um filho tem um enorme impacto no desenvolvimento do cérebro, do arbítrio, no equilíbrio emocional, nos relacionamentos e na espiritualidade.

Como terapeuta, eu avalio a gravidade e o impacto. Mas quando eu aconselho pais de crianças e adolescentes, “distinguir vício versus hábito” não é o que mais importa. Se eu imagino Jesus sentado com um adolescente ao pé da cama perguntando sobre a pornografia, a conversa que imagino não se parece o padrão. Há quanto tempo? Com que frequencia? Como você pôde? Em vez disso, acho que ele pode ter tido uma conversa mais centrada no coração. “Você vai compartilhar seu fardo comigo? Posso te servir? Estou aqui para ajudar; O que você precisa?”

O convite aqui é para nós, como pais, nos concentrarmos menos na gravidade dos problemas e nos concentrarmos mais em outra métrica – a sinceridade. Lembre-se, o publicano provavelmente teve problemas mais sérios do que o fariseu, mais pecados. Mas ele também foi redimido porque ele era sincero e humilde. O fariseu era fechado e orgulhoso, levando a sua condenação apesar de ter “problemas menores”.

Determinar se nosso filho é ou não viciado tecnicamente não afeta realmente nossa abordagem como pais. Se eles são viciados, precisamos ajudá-los da melhor maneira possível. Se eles não são viciados, ainda ajudamos da melhor forma possível. Como os pais estão como um apoio para os filhos, a pergunta que mais afetará a educação dada por esses pais é “Eles estão sinceros?” Se sim, observaremos e colaboraremos com soluções. Se não, vamos nos aproximar uns dos outros.

Se eles são sinceros e abertos, observe e então trabalhem juntos

A sinceridade, como nós estamos discutindo aqui, é simplesmente a habilidade de reconhecer um problema e de falar sobre ele uns com os outros de uma maneira verdadeira. Você saberá se seus filhos são sinceros e receptivos quando você fala com eles, com amor, sobre uso da pornografia e você consegue ter acesso aos seus corações – seus sentimentos, seu mundo – se não, você não tem acesso a nada. Um filho receptivo pode se sentir envergonhado e desconfortável, mas não vai fugir, atacar, ou se fechar.

A primeira etapa aqui é observar seus filhos. Tenha curiosidade e simplesmente faça boas perguntas, então escute. O objetivo aqui é entender e ter empatia pela experiência pessoal de seus filhos com a pornografia. Ouça suas emoções conflitantes. Ouça suas justificativas. Ouça as suas ideias ruins, crenças mal entendidas e aspirações dignas. Ouça a medida que eles tentam entender esse assunto confuso.

Mesmo com filhos receptivos, com mentes abertas, eles raramente fazem um monólogo de 20 minutos sobre o seu desenvolvimento sexual. Não se concentre em longas conversas, a menos que seja um estilo de comunicação natural para vocês. Em vez disso, busque por pequenos momentos, pequenos comentários que iluminem sua compreensão de sua experiência.

Depois de passar o tempo pacientemente, se colocando no lugar de seu filho, eles podem mostrar que se sentem compreendidos e amados por você. Eles se apoiarão em você, suas emoções serão apaziguadas, eles sussurrarão um “obrigado” quando terminarem de falar. Uma vez que você chegou a este estágio, você pode começar a oferecer sua gentil influência.

Filhos receptivos estarão abertos a sugestões e prestarão atenção quando fizer perguntas como: “Qual é a melhor maneira de desacelerar o uso de pornografia?” Ou, “Parece que você anda um pouco solitário. Como podemos ajudá-lo com isso?” Deixe-os propor suas próprias soluções, dê um pequeno empurrão e aconselhe aqui e ali. Se eles começarem a criticar suas ideias ou tentarem evitar a conversa, você está indo rápido demais. É como se aproximar de um cavalo desconhecido (ou hipogrifo), vá devagar. Se eles assustarem, volte atrás; vá mais devagar.

Ao trabalhar dessa maneira com filhos sinceros, você descobrirá que, ao longo de muitos anos, eles começam a amadurecer, a se fortalecer e a superar seus problemas com eficácia. Este problema raramente é superado através de curas milagrosas. É mais como um crescimento lento, como um carvalho.

Se eles estão fechados, se aproxime deles

A verdade é que a maioria das crianças e adolescentes não são muito abertas, pelo menos não sobre questões sexuais. Se você não consegue pronunciar duas palavras sobre pornografia antes de seu filho ir embora, gritar, contar mentiras óbvias ou entrar em estado de coma enquanto você fala, apenas saiba que você não está sozinho. Muitos de nós também evitamos essas discussões com nossos pais quando éramos mais jovens.

Se este for o seu caso, eu o encorajaria a mudar seu foco sobre parar com a pornografia e, em vez disso, se focar em se aproximar de seus filhos. Deixe a pornografia em segundo plano e volte ao básico.

Como é se aproximar? Imagine que você está em seu restaurante mexicano favorito e seu filho tem muitos tipos de molho de pimenta – suave, forte e extra forte. Os adolescentes geralmente testam as pessoas dando-lhes as coisas leves primeiro. Você pode aguentar? Se você puder lidar com isso, eles lhe darão o molho mais forte. Se você se engasgar, mostrar aversão ou chorar, eles voltarão para o molho suave ou não te darão molho nenhum. Se você aguentar o molho um pouco mais forte com um pouco de elegância e até mesmo levando na brincadeira, então eles vão trazer os molhos extra fortes.

Molho suave primeiro. Basicamente é encontrar uma maneira de passar tempo juntos e de se conhecerem no dia-a-dia. Encontre atividades em comum ou hobbies. Brinque, ria e faça piadas, se puder. Saiba mais sobre o dia deles. Pergunte sobre seus interesses e amigos e depois não julgue.

Até mesmo essas conversas básicas podem parecer difíceis para alguns, então comece levando-os para comer um hambúrguer e não chame a atenção deles durante esse tempo. Talvez você comece a trabalhar menos noites por semana para poder passar mais tempo com eles e estar presente.

Alguns de vocês já têm essa base e podem se concentrar em vínculos mais profundos, ouvindo seus sentimentos sobre temas menos ameaçadores que a pornografia, mas que ainda carregam algum risco, talvez amizades, visões políticas ou religiosas ou suas ambições de vida. Esse é o molho de pimenta forte e se você conseguir aguentar, sem dar sermões ou julgar, eles podem, no final, colocar para fora seu o molho extra forte, incluindo seus problemas sexuais.

Algumas famílias trabalharão com este material emocional suave, depois o forte e, finalmente, o filho se tornará mais receptivo em relação ao seu desenvolvimento sexual. No entanto, algumas crianças simplesmente nunca chegarão nesse nível. Mas se for esse o caso, pelo menos você está construindo o melhor relacionamento possível ao invés de afastá-los ainda mais.

Olhe para o Coração

Ser um pai ou uma mãe não é brincadeira. Pode ser um dos nossos maiores desafios, na verdade. E todos nós teremos nossa parcela de falhas. Podemos acabar controlando demais nossos filhos, nos tornar distantes demais, zangados demais, passivos demais – e talvez façamos todas essas coisas antes da hora deles irem dormir. Mas pelo menos quando reconhecemos que estamos fora do caminho, podemos sempre olhar para o coração – uma simples oração, alguma meditação, tempo com o Espírito.

Podemos nos focar nos corações de nossos filhos novamente, vendo as coisas através de seus olhos. Isso normalmente envolve menos foco em comportamentos e mais em seu estado interno e na qualidade do relacionamento. “Porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração. ”(1 Samuel 16: 7).

Ao olharmos para o coração, estaremos seguindo a lógica do Salvador e seguiremos o exemplo de nosso Pai Celestial. E qual melhor exemplo poderíamos ter como pais?

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Fonte: LDSLiving

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