Que tipo de comparação devemos fazer?
O basquete é uma de minhas coisas favoritas. Eu amo jogar, assistir e até discutir sobre o esporte que, para mim, nos leva a fazer inúmeras comparações.
LeBron James ou Michael Jordan? Stephen Curry ou Magic Johnson? O Lakers ou o Clippers?
Essas comparações são divertidas e servem como assunto para muitas conversas.
Pessoalmente, ao entrar em uma quadra, estou freqüentemente avaliando outros jogadores. E eu sei que eles estão sempre fazendo o mesmo comigo. A competição implícita de habilidades faz com que eu queira mostrar meus pontos fortes e esconder minhas fraquezas.
Esse segundo tipo de comparação pessoal pode ser mais prejudicial do que discussões inofensivas sobre jogadores famosos, se isso nos fizer ignorar continuamente nossas fraquezas. Se apenas praticarmos o que somos bons porque nos preocupamos com a opinião dos outros, então nosso orgulho se torna maior do que nosso progresso.
Ao jogar, nós usamos nossos pontos fortes, mas ao treinar, devemos trabalhar para melhorar nossas fraquezas. E nesse processo, podemos estragar tudo. Com certeza não seremos perfeitos.
Às vezes isso pode ser frustrante. Mas também é necessário.
Éter 12:27 diz:
“E se os homens vierem a mim, mostrarei-lhes-ei sua fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; e minha graça basta a todos os que se humilham perante mim; porque caso humilhem perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles”.
A escritura nos convida a confrontar nossas fraquezas e levar nossos esforços e dificuldades para Deus, para que Ele possa fazer com que as coisas fracas se tornem fortes. Também nos diz para sermos humildes, para ignorar os olhos que nos observam e ignorar nossos próprios sentimentos de dúvida, que vêm quando fazemos comparações.
Um momento para melhorar
Comparações podem prejudicar nosso crescimento em outras áreas também. Assim como os jogadores trocam olhares dentro da quadra de basquete, com que frequência olhamos torto para as pessoas na Igreja?
Quantas vezes ouvimos as comparações injustas que o mundo faz?
A visão de Leí sobre a árvore da vida encontrada em 1 Néfi 8, ilustra os resultados de dar atenção àqueles que estão no “grande e espaçoso edifício”:
“E estava cheio de gente, tanto velhos quanto jovens, tanto homens quanto mulheres; e suas vestimentas eram muito finas; e sua atitude era de escárnio e apontavam o dedo para aqueles que haviam chegado e comiam do fruto.
“E os que haviam experimentado do fruto ficaram envergonhados, por causa dos que zombavam deles, e desviaram-se por caminhos proibidos e perderam-se”.
Mesmo depois de provar do fruto, que Leí descreveu como sendo “mais desejável que qualquer outro fruto”, se olharmos para onde não deveríamos e nos compararmos com as coisas e as pessoas do mundo, também estaremos sujeitos a cair.
Continuando a analogia do basquete, sabemos que essa existência mortal é o nosso tempo para treinar. No entanto, também estamos jogando em um jogo metafórico que tem consequências reais e eternas.
“Nunca é demais salientar que as decisões determinam o destino”, lembrou o Presidente Thomas S. Monson em um discurso de 2005 na BYU.
Este teste terrestre não tem curva de classificação nem cotas limitadoras; todos os que conseguirem os pontos receberão a mesma glória. Não precisamos nos precipitar na posição à frente dos outros nem medir nosso crescimento com o deles.
Então, por que tantas vezes nos julgamos dessa maneira?
Nosso propósito durante nosso tempo na terra é aprender e crescer e nos preparar para encontrar Deus. O mandamento aqui é seguir a Cristo e nos tornar perfeitos. Gastar tempo e energia comparando-nos uns com os outros pode desviar e até interromper nosso progresso em direção ao objetivo final.
É fácil desanimar quando nos sentimos cercados por pessoas mais talentosas e justas do que nós. A mídia social nos inundou com milhares de pessoas que parecem se encaixar nessa descrição. Por outro lado, concentrar-se nas falhas e limitações dos outros não acrescenta nada ao nosso próprio potencial ou realizações. Usar os outros como nossa medida de progresso é sempre um erro.
“Espero que busquemos nos aprimorar pessoalmente de uma maneira que não nos leve a ter uma úlcera, sofrer de anorexia, sentir-nos deprimidos nem destruir nossa autoestima”, disse o Élder Jeffrey R. Holland em 2017 no discurso da conferência geral. “Isso não é o que o Senhor espera das crianças da Primária ou de alguém que cante com sinceridade: “Eu quero ser como Cristo”.”
É igualmente perigoso prestar atenção às mensagens que este mundo decaído está tentando nos passar.
Em um discurso da BYU intitulado “Lutar contra Comparações”, o Professor J.B. Haws faz perguntas pertinentes sobre a equidade ao comparar indivíduos:
“O que quero dizer é que ninguém pode verdadeiramente dizer ‘eu prosperei por causa da minha inteligência’ ou ‘eu venci por causa da minha força’. Sabemos que, na realidade, muitas variáveis estão envolvidas. Onde e quando nascemos, nossa raça, gênero, a educação que estava disponível para nós, o nível escolar de nossos pais, traços genéticos como altura, massa muscular, a época que nos candidatamos e a quantidade de concorrentes por uma vaga na faculdade ou trabalho – existem tantas coisas que estão fora de nosso controle. Todos esses fatores afetam as chances e oportunidades de “prosperar” ou “conquistar”. Existiram muitos gênios que não tiveram oportunidades iguais de prosperar e muitos homens e mulheres incríveis que não tiveram oportunidades iguais de ter sucesso. E, por falar nisso, o que é “prosperar” ou “ganhar”?
Seja você um recém-converso ou um santo dos últimos dias há muito tempo, todos nós vivenciamos uma jornada de fé única com altos e baixos. Avaliar duas pessoas com vidas tão diferentes é justo? Comparar nossos altos e baixos com os de outras pessoas é realmente útil?
É definitivamente desanimador e não é o que nosso Pai Celestial quer para nós.
O Salvador, que é o juiz perfeito, dá uma mostra de sua perspectiva na história da moeda da viúva.
Nesta história, uma pobre viúva e homens ricos deram ofertas no templo.
Como as duas pequenas moedas da viúva eram muito menos do que as grandes ofertas dos outros, sua contribuição foi negligenciada por muitos.
Cristo, é claro, viu de forma diferente:
E chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva lançou mais do que todos os que lançaram na arca do tesouro;
Porque todos ali lançaram aquilo que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, lançou tudo o que tinha, todo o seu sustento.
Cristo comparou sua contribuição ao que ela tinha, não ao que os outros tinham ou deram. Nós, da mesma forma, devemos nos comparar com o nosso progresso, independentemente do progresso dos outros.
Nosso Salvador usou uma abordagem semelhante ao falar com Pedro depois que Seu apóstolo aprendeu sobre o desejo de João de viver até a Segunda Vinda e trazer almas para Cristo.
Haws falou sobre a resposta de Cristo a Pedro:
“Nesta passagem, pode-se supor que Doutrina e Convênios 7: 5 seria assim: Digo-te, Pedro, [seu desejo de rapidamente ter comigo em meu reino] foi um bom desejo; mas o meu amado [João] desejou fazer mais, ou seja, uma obra ainda maior entre os homens do que [você fez, seu preguiçoso].’ Ainda me lembro quando me dei conta de que esse versículo não era assim. Na verdade, o versículo é assim: ‘Digo-te, Pedro, que esse foi um bom desejo; mas meu amado desejou fazer mais, ou seja, uma obra ainda maior entre os homens do aquilo que fez antes.’
“Sinto isso com toda a força da verdade: nosso Deus perfeito e amoroso não faz comparações horizontais. Nesse versículo, Jesus apenas comparou o João atual com o antigo João. Ele só comparou Pedro atual com o velho Pedro. E ele só me compara com o meu velho eu.
Uma comparação apropriada
Por meio de Seu exemplo, Cristo nos mostrou que a única comparação que deveríamos estar fazendo ao passar por essa vida mortal é com o nosso eu anterior.
No mesmo discurso da conferência, o Élder Holland continua:
“Leo Tolstoy escreveu uma vez sobre um sacerdote que foi criticado por um dos membros de sua congregação por não viver de modo tão resoluto como deveria; e esse crítico concluiu que os princípios ensinados pelo imperfeito pregador, eram, portanto, errôneos.
“Em resposta a essa crítica, o sacerdote disse: “Vê minha vida agora e a compara com minha vida anterior.. Verás que estou tentando viver a verdade que proclamo”.
Comparar nosso presente com nosso passado pode nos dar esperança em vez de desânimo, e é algo importante para nosso progresso pessoal. Como o Presidente Russell M. Nelson nos lembrou, a perfeição está pendente e depende de continuarmos a fazer o melhor que pudermos.
O Presidente Nelson disse em um discurso na conferência geral de 1995:
“A perfeição mortal pode ser alcançada, quando procuramos cumprir todos os nossos deveres, guardar todas as leis e esfor ar-nos para ser perfeitos em nossa esfera, assim como o Pai Celestial é na Dele. Se fizermos o melhor que está ao nosso alcance, o Senhor nos abençoará de acordo com nossas obras e os desejos de nosso coração.”
Na corrida para a perfeição, o melhor plano é deixar Cristo seja nosso guia. Independentemente de quem terminar a corrida primeiro, se confiarmos em nosso Salvador e seguirmos Seu plano, seremos salvos. Comparar-nos uns com os outros só nos leva a impedir o nosso progresso e nos fazer desviar do curso.
Fonte: LDS Living
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