Perguntas e Respostas: Ser ambicioso é algo ruim?
Muitas vezes o que define algo como bom ou ruim é a intensidade. Tudo que é em excesso é ruim e com a ambição não é diferente.
Poderíamos definir ambição como um anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso.
Podemos ter um desejo grande de ser bem sucedido em nossas carreiras e em nossas escolhas pessoais, como relacionamentos e família.
A ambição pode ser uma virtude, desde que trabalhada.
O exemplo de Abraão
Deus disse a Abraão:
“Farei de ti uma grande nação e te abençoarei, e hei de engrandecer o teu nome.” (Gênesis 12:2)
Abraão é descrito na Bíblia como um notável homem de fé. (Hebreus 11:8, 17) Deus não o estava incentivando a ser ambicioso ao prometer que faria dele uma grande nação e que engrandeceria o seu nome.
Deus estava declarando seu propósito de abençoar a humanidade por meio de Abraão, um propósito que ia muito além de simples ambições humanas. — Gálatas 3:14.
Ao empenhar-se em sua devoção a Deus, Abraão deixou de lado um modo de vida aparentemente próspero e confortável em Ur. (Gênesis 11:31)
Mais tarde, em prol da paz, Abraão voluntariamente preferiu não fazer uso de seu poder e autoridade ao oferecer a seu sobrinho Ló a melhor parte da terra para morar. (Gênesis 13:8, 9)
Nada no relato bíblico indica que Abraão era um homem ambicioso. Em vez disso, foram sua fé, obediência e humildade que fizeram dele alguém agradável a Deus, como um verdadeiro “amigo”. — Isaías 41:8.
A ambição é definida também omo um forte desejo por posição social, glória ou poder. Nos tempos antigos, o Rei Salomão tinha posição social, glória e poder, além de grande riqueza. (Eclesiastes 2:3-9)
É interessante, porém, que inicialmente ele não demonstrou desejo intenso por essas coisas. Quando Salomão herdou o reinado, Deus ofereceu-lhe a oportunidade de pedir qualquer coisa que desejasse.
De modo humilde, Salomão pediu um coração obediente e o discernimento necessário para governar o povo escolhido de Deus. (1 Reis 3:5-9)
Mais tarde, depois de descrever como eram grandes sua riqueza e poder, Salomão declarou que “tudo era vaidade e um esforço para alcançar o vento”. — Eclesiastes 2:11.
Será que Salomão disse algo sobre os humanos usarem todo o seu potencial? De certo modo ele falou sim. Depois de considerar suas muitas experiências na vida, a conclusão dele foi: “Teme o verdadeiro Deus e guarda os seus mandamentos. Pois esta é toda a obrigação do homem.” (Eclesiastes 12:13)
Os humanos usam todo o seu potencial não por conquistar posição social, riqueza, fama ou poder, mas por realizar a vontade de Deus.
A diferença entre a ambição certa e a errada está em nosso objetivo e motivação — se é para a glória de Deus ou para a nossa própria.
É verdade que não existe nada de errado em ter amor-próprio de maneira equilibrada. Também não é errado termos grande desejo de alcançar nossos objetivos.
Trabalho árduo e modéstia
A Bíblia nos ordena a amar nosso próximo assim como amamos a nós mesmos. (Mateus 22:39) É natural desejar conforto e felicidade. Mas as Escrituras também incentivam o trabalho árduo, a humildade e a modéstia. (Provérbios 15:33; Eclesiastes 3:13; Miquéias 6:8)
Os que são honestos, confiáveis e que trabalham arduamente, em geral, são notados, acham bons empregos e conquistam respeito. Sem dúvida, é melhor seguir esse proceder do que manipular outros para ter vantagens pessoais ou competir por posição.
Jesus acautelou seus ouvintes contra escolher o lugar mais destacado numa festa de casamento. Ele os aconselhou a escolher o lugar inferior e deixar a critério do anfitrião mudá-los de lugar. Explicando claramente o princípio envolvido, Jesus disse: “Todo aquele que se enaltecer será humilhado, e aquele que se humilhar será enaltecido.” — Lucas 14:7-11.
A Bíblia indica que a ambição e a soberba estão ligadas à imperfeição humana. (Tiago 4:5, 6)
Em certa ocasião, o apóstolo João foi ambicioso. Seu desejo por uma posição destacada era tão forte que, junto com seu irmão, ele presunçosamente pediu a Jesus uma posição altamente importante no Reino. (Marcos 10:37)
Mais tarde João mudou sua atitude. De fato, em sua terceira carta, ele usou palavras duras para censurar Diótrefes, que, disse ele, “gosta de ocupar o primeiro lugar”. (3 João 9, 10)
Os cristãos atuais levam a sério as palavras de Jesus de humilhar-se, seguindo o exemplo do idoso apóstolo João, que aprendeu a evitar a tendência para a ambição.
Realisticamente, porém, é necessário dizer que, por si sós, talentos, habilidades, boas ações e trabalho árduo não garantem reconhecimento. Essas qualidades às vezes são recompensadas pelas pessoas, às vezes, não. (Provérbios 22:29; Eclesiastes 10:7)
Em certas ocasiões, os menos qualificados podem ser colocados em posições de autoridade, enquanto indivíduos mais capazes não recebem reconhecimento. Neste mundo imperfeito, os que obtêm posição ou poder talvez não sejam necessariamente os mais qualificados.
Para os verdadeiros cristãos, o assunto da ambição não apresenta um dilema ético. Sua consciência treinada pela Bíblia os ajuda a evitar a ambição desenfreada.
Eles simplesmente se esforçam em fazer o melhor em todas as situações, para a glória de Deus, e deixam o resultado nas mãos Dele. (1 Coríntios 10:31)
Os cristãos se esforçam em usar todo o seu potencial para temer a Deus e guardar os Seus mandamentos, pois se lembram do que está escrito:
“Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)
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