A nossa dor também é a dor de Cristo

Ao reclamar com Deus sobre a injustiça do sofrimento, me esqueci que esta também é uma dor Dele.

Uma notícia no jornal trazia a história de uma mulher que havia sido torturada e sofrido abuso sexual durante a guerra civil sérvia. Chorei inconsolavelmente durante duas horas porque eu sabia que aquilo não acontecia somente em outros continentes.

Naquele mesmo mês, duas amigas haviam me confessado que sofreram abuso durante a infância. Aquilo era demais.

E novamente me perguntei como eu poderia confiar no amor e na bondade de Deus, quando Ele permitia tanto mal, injustiça e sofrimento?

Nessa passagem, o Livro de Mórmon oferece uma resposta clara além daquelas encontradas no mundo. Cristo não sofreu meramente as penas de nossos pecados.

Ele também tomou sobre Si “as dores de toda criatura vivente, tanto homens como mulheres e crianças, que pertencem à família de Adão” (2 Néfi 9:21).

E isso inclui doenças, aflições, tentações, enfermidades, lutos, sofrimentos e “o castigo que nos traz a paz” (Isaías 53:5).

jesus cristo

O Élder David A. Bednar descreve dessa maneira:

“Assim, o Salvador sofreu não apenas por nossos pecados e por nossas iniquidades — mas também por nossas angústias e dores físicas, nossas fraquezas e nossos defeitos, temores, nossas frustrações, decepções e nossos desânimos, pesares e remorsos, nosso desespero e nossa aflição, pelas injustiças e desigualdades que vivenciamos, e pelas perturbações emocionais que nos acometem.Não há dor física, tribulação espiritual, angústia da alma ou sofrimento, enfermidade ou fraqueza que enfrentaremos na mortalidade que o Salvador não vivenciou antes de nós.” (“O Salvador Socorre Seu Povo,” A Liahona, Maio 2014).

Odiamos o fato de Deus enviar bebês inocentes para lares abusivos. Mas devemos nos surpreender que Jesus Cristo também Se colocou dentro de cada uma daquelas casas.

O Pai Celestial não só enviou Seu Filho para morrer por nós coletivamente. Ele enviou Seu filho para sentir as dores diárias e as dores da morte de cada filho, mulher ou homem que já viveu.

No Jardim do Getsemâni Jesus transcendeu o tempo e o espaço para de algum modo acompanhar cada alma em sua jornada única através do mal e da dor. Ele sentiu tudo com cada um de nós.

Ele viu através dos olhos chorosos daqueles que lutam para entender ou viver com a atração pelo mesmo sexo. Ele sentiu todas a mudanças de humor do bipolar. Ele já passou por todas as quimioterapias, pela dor do divórcio, pelas nossas rejeições e fracassos devastadores.

Jesus conhece o estacionamento vazio ou os cantos escuros que já choramos. Ele conhece as dores nos joelhos e os olhos inchados de quem já esgotou as lágrimas, mas não as perguntas. Estas também são as dores Dele.

Ele conhece o que está pedindo para nós. O conhecimento dele é pleno, pessoal e íntimo. Jesus não esqueceu o quanto dói. De certo modo, Ele ainda sente tudo.

Certo dia me ocorreu que eu poderia falar sobre a Expiação no presente ao invés de no passado.

É verdade, aquela vitória está 100 porcento completa, finalizada, é um fato histórico. Cristo disse, “está consumado”.

Mas Cristo também disse, “o tempo somente é medido pelos homens” e “todas as coisas estão presentes comigo, pois eu as conheço todas” (Alma 40:8; Moisés 1:6).

Porque Jesus lembra de todas as coisas no presente, Ele ainda pode sentir nossas experiências, engolindo a dor conosco, aqui e agora, Não importa pelo que estamos sofrendo. Ele diz:

“Eis que em ambas as palmas das minhas mãos te tenho gravado; os teus muros estão continuamente perante mim.” (Isaías 49:16)

Nesse versículo, as palavras ‘te’ e ‘teus’ são termos singulares (não os termos no plural, você e vocês). Aqui o Senhor não está falando coletivamente para um grupo de pessoas. Ele está falando com cada um de nós como indivíduos, um de cada vez.

Cristo pode e tem presente em Sua mente e coração todos os problemas que estou passando. Seu conhecimento é não somente intelectual ou simpático, mas está gravado nas células e tendões e nas profundidades espirituais de Sua própria alma de maneira permanente.

Ele não só olha a nossa dor. Nossa dor está continuamente sobre Ele. Ele chora conosco. Ele sangra conosco. Ele cambaleia com os nossos medos e confusões. Ele sofre com a dor que sentimos. Até mesmo quando estamos bravos com Ele.

Ele vê através do nosso ponto de vista, os muros intelectuais que bloqueiam o nosso entendimento. Ele vê as limitações físicas que nos impedem das atividades que desejamos fazer.

Ele vê os muros culturais e sociais que colocamos entre as pessoas. Ele os vê através do nosso lado do muro.

Ele sente as nossas dores e o nosso entendimento limitado. Nós literalmente não sofremos sozinhos, não importa o quão vitimizados nos sentimos em nossos momentos de fraqueza.

Quando Cristo pede a Seus Santos que perseverem nas coisas difíceis ou dolorosas, Ele sofre todo o impacto em Si mesmo.

Entender a Expiação me ajudou a lidar com aspectos difíceis da história da Igreja e do Velho Testamento. Eu ainda não entendi completamente os propósitos de Jeová, mas consigo ver que Sua aceitação voluntária de nossos sofrimentos diários, inegavelmente são um reflexo de Seu amor.

páscoa centralizada em Cristo

Sempre que Cristo nos dá um mandamento que exige sofrimento ou sacrifício, Ele também já passou por aquele doloroso problema.

Ele sentiu a prisão úmida com Jeremias. Ele conhece a dor da morte pelo fogo de Abinádi. Ele sofreu a destruição junto com cada judeu enviado cativo à Babilônia e a punição de cada alma que morreu em Jericó.

Cristo pediu que os pioneiros atravessassem as planícies. Portanto, este sofrimento também foi incluso em Sua Expiação: Cristo sofreu a dor de pés ensanguentados, o luto de enterrar bebês pelo caminho e dor aguda de ter que cruzar rios gelados.

No Getsemâni, Jesus caminhou junto a cada um dos filhos de Deus negros que não puderam receber o sacerdócio ou as bençãos do templo.

Ele conhece a humilhação da segregação e da discriminação, e também conhece a dor das galerias de escravos, das câmaras de gás e de cada episódio de dor e sofrimento da história da humanidade.

Ele compreende plenamente o quão solitário pode ser viver a lei da castidade, enquanto outras pessoas se casam ou cedem à tentação.

Ele já sentiu a desesperança, a solidão e a dor de alguém que não encontra um companheiro ou companheira para a eternidade, ou da atração pelo mesmo sexo que previne alguém de seguir em frente com o casamento.

Não posso compreender todas as razões pelas quais Jesus Cristo nos pede para passarmos por esse tipo de provações. Mas mesmo sem entender, não posso mais afirmar que Cristo é injusto por pedi-las. Ele também sofreu por todas elas.

Fonte: LDS Living

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