Élder Holland: “Como podemos melhorar, mesmo quando fracassamos no passado”
Como você pode imaginar, no curso de mais de um quarto de século como Autoridade Geral, eu encontro, falo e às vezes tenho de entrevistar centenas de pessoas que tiveram problemas – pessoas que sofreram ou que estão tristes ou que sentem que seu progresso está bloqueado por causa de uma transgressão em suas vidas. O propósito dessas visitas e entrevistas sempre foi remover esse fardo das suas vidas.
Se precisar que um fardo seja removido, quero que imagine que está numa conversa pessoal e particular contigo. Quero ajudá-lo, se puder.
Primeiro, não se sinta abandonado ou esquecido ou para sempre prejudicado se você cometeu um erro, mesmo se foi um erro grave. Todas as pessoas já passaram por isso, alguns com erros mais graves do que outros. Mas como o Apóstolo Paulo sabia pessoalmente, “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.”
Por mais que nosso Pai que está nos Céus nos tenha advertido contra o pecado e continuamente nos suplica para não cometê-lo, Ele sabia claramente, nos conselhos pré-mortais do céu, que não faríamos tudo certo. Então Ele planejou e prometeu uma saída para nossos problemas, descrito nas escrituras como “o caminho”. Essa saída para os nossos problemas, “o caminho, a verdade e a vida”, é a Expiação de Seu Filho perfeito, totalmente obediente—o único em toda a família que não transgrediria quando viesse à terra. Somente aquele filho era digno o suficiente e, portanto, capaz de remover nossos pecados de nossos ombros e colocá-los em Seus.
Gritamos de alegria por essa oferta de ajuda, e a partir daquele momento amamos a Cristo (ou certamente deveríamos tê-lo feito) porque Ele nos amou primeiro. Mas para tirar o máximo proveito da Expiação e obter o perdão desses pecados, temos que fazer algumas coisas muito básicas. Devemos algo por este presente. Precisamos ter fé em Cristo e crer em Seu poder redentor. Devemos ser honestos sobre nossos erros—confrontá-los, confessá-los, verdadeiramente lamentá-los, e abandoná-los. Então devemos jurar honestamente viver tanto quanto possível como Cristo, o que inclui segui-Lo nas ordenanças de salvação do evangelho.
Mas há dois problemas comuns em tudo isso: não acreditamos que podemos nos arrepender e mudar, ou então não acreditamos que podemos ser perdoados e ter essa culpa removida mesmo que mudemos. Vamos falar sobre essas suposições erradas.
Primeiro, vamos abordar o medo de que não podemos mudar, de que não podemos parar de cometer esses erros, em parte porque tentamos no passado e fracassamos…
Não sei quais são os seus pecados mais graves. Alguns podem ser sexuais e ou estar entre os mais sérios para Deus. Outros podem ser menos graves, mas ainda são errados. Seja qual for a lista, vamos levar um tempo somando todas as coisas bobas que fizemos, dissemos ou fomos. E o meu maior medo é que você não acredite que pode se livrar deles, que está convencido de que a sua culpa e os seus erros frequentes continuarão para sempre. Esta é uma perspectiva debilitante e pode fazer que a sua alma fique doente. Permita-me que lhe dê um exemplo famoso do impacto de tal culpa.
E se a Alma não tivesse mudado? Ele tinha cometido erros graves, talvez mais graves do que sabemos. Ele é descrito com o “um homem muito iníquo e idólatra”, aquele que procurou “destruir a igreja” e que se encantou em se rebelar contra Deus. Ele era, em resumo, “o mais vil dos pecadores.” A mais forte denúncia veio de seus próprios lábios quando ele disse ao seu filho Helamã: “Me havia rebelado contra o meu Deus… Havia assassinado muitos de seus filhos, ou melhor, que os levara à destruição… tão grandes haviam sido minhas iniquidades que a simples ideia de entrar na presença de meu Deus atormentava-me a alma com inexprimível horror.”
Ele pode não ter sido Macbeth, mas essa é uma descrição assustadora da posição de um homem diante de Deus. Mas ele mudou. Não sem angústia, sofrimento e medo, não sem passar “por muitas tribulações e de [se arrepender] quase até a morte,” Mas ele pagou o preço total e mudou com a força do amor de Cristo. E cada vida depois disso, tanto no próprio Livro de Mórmon como em nossa geração, foi enriquecida por causa da vida que Alma viveu…
Deixe-me dizer agora uma palavra sobre a outra dúvida que temos – o medo de que mesmo que mudemos, não seremos perdoados de nossos pecados e erros na vida, portanto o erro foi cometido e a mudança não significa nada. Em primeiro lugar, permita-me admitir prontamente que às vezes nos sentimos assim porque outros—ironicamente, aqueles a quem chamamos amigos – não nos deixam sentir que podemos ser perdoados.
Cresci na mesma cidade que um rapaz que não tinha pai e nem outras das bênçãos da vida. Os jovens da nossa comunidade achavam fácil provocá-lo e intimidá-lo. E no processo de tudo, ele cometeu alguns erros. Ele começou a beber e fumar, e os princípios do evangelho que nunca significaram muito para ele agora se tornaram praticamente nada. Ele tinha sido julgado como um tipo de pessoa por seus amigos Santos dos Últimos Dias, que deveriam se esforçado para conhecê-lo melhor, e ele começou a agir perfeitamente como aquele tipo de pessoa. Em pouco tempo ele começou a beber ainda mais, frequentar a escola ainda menos, e nunca mais aparecer na igreja. Então um dia ele desapareceu. Alguns disseram que pensavam que ele tinha se alistado no exército.
Quinze ou dezesseis anos depois, ele voltou para casa. Pelo menos, tentou voltar para casa. Ele tinha encontrado o significado do evangelho em sua vida. Ele tinha se casado com uma moça maravilhosa, e eles tinham uma família. Mas descobriu algo quando voltou. Ele tinha mudado, mas alguns de seus velhos amigos não—e eles não estavam dispostos a deixá-lo escapar de seu passado.
Isso foi difícil para ele e difícil para a sua família. E eles acabaram se mudando dali. Por razões que não precisam ser detalhadas aqui, a história segue para um final muito infeliz. Ele morreu poucos anos depois, com 40 e poucos anos. Ele era muito jovem para morrer nos dias de hoje, e certamente muito jovem para morrer quando verdadeiros amigos, amigos que perdoam, poderiam tê-lo ajudado a viver.
Quando um nadador cansado e maltratado tenta voltar para a costa depois de ter lutado contra ventos fortes e ondas ásperas que ele nunca deveria ter desafiado, alguns de nós que poderiam ter julgado melhor, ou talvez apenas ter tido mais sorte, não devem remar até o nadador, bater-lhe com os remos, e empurrar a sua cabeça de volta para debaixo de água. Não foi para isso que os barcos foram feitos. Mas alguns de nós fazem isso uns com os outros.
Mesmo se admitirmos nossos erros e confessá-los, desejar nos arrepender, desejar mudar, podemos ser perdoados? A resposta é sim, sim, sim! É disso que se trata a Expiação de Jesus Cristo…
Todos temos que nos arrepender, e todos temos a obrigação de perdoar. Amigos verdadeiros, amigos generosos, genuínos amigos Santos dos Últimos Dias ajudarão uns aos outros a fazer isso. Eu sou movido especialmente por uma linha da carta de W. W. Phelps ao profeta: “Eu quero ser salvo se meus amigos me ajudarem.” Por quase cinquenta anos desde que eu li essas palavras pela primeira vez, eu pensei que talvez eles contivessem a mais doce visão já escrita sobre o verdadeiro propósito da amizade. Amigos, verdadeiros amigos, levam as pessoas para fora do pecado, não em direção a ele. Ajudam-se mutuamente a se arrependerem, e perdoam os erros do passado no processo. Seja um verdadeiro amigo àqueles que precisam de sua força e integridade.
Uma das parábolas mais encorajadoras e compassivas em todas as escrituras sagradas representando a necessidade de arrependimento e o poder do perdão é a história do filho pródigo, na qual o pai ansioso, vendo seu filho retornar, “se moveu de íntima compaixão, e correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.” Deus nos abençoe para ajudar uns aos outros a “cair em si mesmos”, como as escrituras dizem que o filho pródigo fez. Deus nos abençoe para nos ajudarmos a voltar para casa.
“Quero ser salvo se os meus amigos me ajudarem.” Estou grato pelo maior amigo que qualquer um de nós poderia ter, no tempo ou na eternidade, o Senhor Jesus Cristo, que tornou possível o arrependimento e que é a majestosa personificação do próprio perdão. Não sei se ele vai querer lançar-se ao nosso pescoço e beijar-nos, mas por tanta compaixão, sei que vamos querer cair aos pés Dele e beijá-Lo. Que possamos mudar hoje, se for preciso. Que abracemos a Expiação e nos arrependamos de nossos pecados na expectativa de tal encontro com Deus.
Fonte: LDS Living
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