Por que as pessoas ficam exaustas depois de algumas experiências espirituais?
“A luz da vida eterna se lhe havia acendido na alma; sim… isto havia dominado o corpo natural do rei e que ele fora arrebatado em Deus.” Alma 19:6
O conhecimento
Ao longo do Livro de Mórmon, há ocasiões em que as experiências espirituais das pessoas esgotam suas forças, fazendo com que fiquem completamente exaustas.
O rei Lamôni, por exemplo, caiu por terra como se estivesse morto, e Amon explicou à rainha que “a luz da vida eterna se lhe havia acendido na alma” e que essa experiência “havia dominado o corpo natural do rei e que ele fora arrebatado em Deus” (Alma 19:6).
Em 1 Néfi 1:6-7, depois que Leí teve uma visão profunda, ele também foi “dominado pelo Espírito e pelas coisas que vira”.
No Livro de Mórmon, Néfi, Alma, o filho, a família de Lamôni e Amon, todos tiveram experiências semelhantes. Outros profetas antigos, como Moisés e Daniel, também passaram por esse tipo de experiência.
Embora existam diversas explicações possíveis para experiências como essa, os encontros de Joseph Smith com seres divinos podem nos ajudar a entender a exaustão relacionada à visão experimentada por indivíduos no Livro de Mórmon.
Em Joseph Smith – História 1:20, lemos um ótimo comentário sobre o assunto, onde Joseph descreve o que aconteceu imediatamente após a Primeira Visão:
“Quando tornei a voltar a mim, estava deitado de costas, olhando para o céu. Quando a luz se retirou, eu estava sem forças; mas tendo logo me recuperado em parte, fui para casa”.
Aquela visão havia esgotado suas forças tanto que ele precisou se recuperar antes de poder fazer uma curta caminhada até sua casa.
Ele estava aparentemente tão exausto que sua mãe percebeu que algo estava errado e perguntou o que havia acontecido:
“Ao apoiar-me na lareira, minha mãe perguntou-me o que se passava. Respondi: ‘não se preocupe, tudo está bem — eu estou bem’” (Joseph Smith – História 1:20).
Tempos depois, ele disse a Alexander Neibaur que, após a primeira visão, ele “esforçou-se para levantar, mas sentiu-se incomumente fraco”.
Joseph teve uma experiência exaustiva semelhante com um mensageiro celestial anos depois, quando Morôni apareceu a ele.
Em Joseph Smith História 1:47 lemos que “imediatamente após o mensageiro celestial ter ascendido pela terceira vez, o galo cantou e vi que o dia se aproximava, de modo que as entrevistas deviam ter durado toda aquela noite”.
Neste trecho Joseph parece surpreso com a duração de suas conversas com Morôni, pois foi apenas quando o galo cantou que ele percebeu há quanto tempo conversava com o anjo.
Joseph se levantou e tentou cumprir com suas tarefas habituais. Contudo, ele disse: “senti-me tão exausto que não consegui”. Seu pai percebeu e disse-lhe para voltar para casa.
Em Joseph Smith – História 1:48, ele relembrou: “saí com essa intenção, mas ao tentar atravessar a cerca do campo onde estávamos, faltaram-me as forças por completo e caí inerte ao solo, ficando completamente inconsciente durante algum tempo”.
Neste caso, a exaustão geralmente associada às experiências espirituais parece ter sido agravada pela falta de sono de Joseph, deixando-o completamente incapaz de trabalhar como de costume.
No entanto, Joseph Smith não foi a única pessoa na igreja a passar por esse tipo de exaustão. Philo Dibble relembrou que ao receber a visão, que mais tarde seria registrada na seção 76 de Doutrina e Convênios, Sidney Rigdon passou por uma experiência semelhante.
Dibble afirmou que: “Joseph permaneceu firme e calmo o tempo todo, irradiando uma glória magnífica, mas Sidney estava mole e pálido, em frangalhos. Observando esse fato ao término da visão, Joseph comentou com um sorriso: ‘Sidney não está acostumado a isso como eu’”.
Esse tipo de reação a essas experiências espirituais não é algo exclusivo do século 19 ou dos tempos antigos.
O estudioso de religião Felicitas D. Goodman afirmou que “inúmeros relatórios e modernas observações de campo por antropólogos” descobriram que quando as pessoas têm experiências espirituais significativas, como visões, “ocorrem certas mudanças físicas”.
Experiências como essa estimulam o sistema nervoso de duas maneiras opostas, e essa “ação alternada produz relaxamento” que pode levar a esse efeito. Ao mesmo tempo, o corpo cria endorfinas que agem como analgésicos.
A antropóloga e médica Barbara W. Lex observou que “acredita-se que essas endorfinas sejam responsáveis a nível biológico pela alegria, euforia e ‘doçura’ que costumam ser relatadas nas visões dos místicos cristãos”.
Ela conclui que, em última análise, “de alguma forma misteriosa… o corpo se torna um órgão de percepção para a dimensão sagrada da realidade”.
Alma 19:13 afirma especificamente que o coração de Lamoni “transbordou-se-lhe… e outra vez ele caiu por terra, de alegria”, sugerindo que o corpo físico de Lamôni estava respondendo a esta experiência espiritual da maneira que os antropólogos observaram hoje: com intensa alegria e exaustão.
O porquê
Em seu clássico de 1989, Joseph Smith – o Profeta, Truman G. Madsen, declarou: “Joseph estava cansado de sua experiência no bosque. O encontro, seja longo ou curto, exigiu muito dele”.
Assim como no Velho Testamento e no Livro de Mórmon, “Joseph estava cheio de um espírito que o capacitou para suportar a presença de Deus. Esse espírito é enervante ou energizante? Minha resposta é: ‘Sim’. São os dois”.
Para explicar essa dualidade, Madsen disse que “ela exige de nós uma concentração e uma entrega comparável a nada mais possível nesta vida. Mas também confere grandes capacidades que transcendem nossos poderes mentais, espirituais e físicos finitos”.
Embora muitos de nós possamos não ter os tipos de experiências espirituais que Joseph Smith, Leí ou Moisés tiveram, a exaustão que eles sentiram é uma prova do foco e concentração que essas experiências espirituais podem exigir de nós.
Pode ser precipitado presumir que experiências espirituais significativas sempre serão eventos passivos.
Às vezes, nossas próprias experiências espirituais podem exigir muito de nós, e podemos nos sentir muito exaustos.
No entanto, a alegria que acompanha essas experiências espirituais faz com que esse intenso esforço espiritual valha a pena.
Os personagens do Livro de Mórmon tiveram experiências espirituais significativas que os deixaram exaustos, lembrando-nos do preço que pagaram por tais experiências.
As semelhanças entre as experiências das pessoas do Livro de Mórmon e desta dispensação sugerem que a exaustão relacionada às experiências espirituais é um elemento comum de tais experiências em várias épocas e lugares.
Portanto, não devemos nos surpreender ao descobrir que experiências espirituais significativas podem exigir uma quantidade significativa, até mesmo exaustiva, de concentração e energia, ainda hoje.
Fonte: Book Of Mormon Central
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