Sempre sonhei em ser um missionário, até que recebi uma carta de desobrigação honrosa
O seguinte artigo foi escrito por Vinícius dos Santos Alves, de Maceió-AL.
Em 2017 comecei minha preparação para enviar o meu chamado para a missão. Meu presidente de estaca pediu para que eu cumprisse algumas metas de estudo, que eu pudesse começar a fazer caminhadas, e me esforçar para enviar o chamado. Essa preparação durou alguns meses, até que finalmente chegou o dia!
Eu enviaria meu chamado e receberia onde eu iria servir, porém o que aconteceu foi o oposto. O chamado não chegava. Eu pude aprender muito sobre paciência, pois os meus próximos dois anos seriam decididos ali. Passaram quase dois meses quando meu presidente de estaca me chamou para uma entrevista com meus pais. Ao chegar lá, eu de alguma forma sentia que eu não iria pra missão…
Quando entrei na sala, meu presidente de estaca começou a ler a carta de desobrigação.
Tinha escutado uma vez ou outra na vida que algo do tipo havia acontecido em minha cidade – nos anos 90 ou no início dos anos 2000 – e o sentimento que tive se confirmou.
O desejo de pedir para recorrer veio várias vezes a minha mente, mas como eu tinha estudado bastante naquela semana sobre a ocasião que Joseph Smith perdeu os manuscritos depois de pedir 3 vezes ao Senhor em oração, foi como resposta de que o desejo do Senhor era claro para mim: eu deveria continuar aqui. Aceitei o que tinha acontecido e fui para casa.
Um mês depois, aconteceu o Meet Up 2018 e em todo o programa, o tema missão foi o mais abordado. Tive dois consultores maravilhosos que foram missionários excelentes e o meu desejo de ser como eles só aumentava. Voltei para casa e percebi que tudo aquilo tinha sido demais para mim, já que há apenas algumas semanas havia recebido a carta de desobrigação.
Foi um momento muito difícil.
Eu fiquei bastante triste e precisava de uma palavra de conforto, procurava e procurava materiais, discursos ou qualquer outra coisa, mas não encontrava, com isso sentia muita angústia, solidão e não sabia o que fazer.
Não quero só ficar falando das dificuldades que passei por não ter ido para a missão, mas sim sobre que dá pra permanecer firme e ser abençoado em meio a frustrações.
Infelizmente, o começo dessa nova jornada de não ser um missionário foi bastante dolorosa. De certo modo, eu me sentia desassistido. Eu estava perdido, sem saber o que fazer, pois os dois anos de preparação para a missão já tinham passado e eu precisava começar a viver a vida de novo.
Os membros podem ser um pouco maldosos às vezes, mas com essa experiência, pude ter ainda mais empatia por aqueles que voltaram antes do tempo de sua missão – por qualquer motivo que seja. Muitos me chamaram de missionário retornado sem honra, outros me disseram para enviar meu chamado missionário novamente, outros faziam comentários sobre o que não tinham conhecimento e falavam muitas outras coisas difíceis de ouvir.
Em meio a tudo isso, a minha vontade de me afastar da Igreja e me odiar só aumentavam, mas eu sabia do meu testemunho e sabia que a minha fé estava no Salvador Jesus Cristo, independentemente de onde seja, na alegria ou na frustração.
Eu me sentia sozinho e sem voz. Todos os meus amigos estavam servindo uma missão e eu não conseguia me encontrar na Igreja. Foi aí que decidi me envolver ao máximo com chamados de ala e estaca, e nunca fui tão ativo no serviço do evangelho.
Houveram momentos que eu estava com 5 chamados e conseguindo dar conta de cada um deles, pude ver a mão do Senhor em minha vida e tive auxílio de uma psicóloga maravilhosa – tanto que me identifiquei com a psicologia e hoje estou indo para o 5° período de faculdade.
O Senhor não me abençoou prontamente, ou me fez sair da situação que estava. Tive muitos motivos em que senti raiva ou que tive o desejo de me afastar de tudo, porém com paciência, fé e esperança, Deus me auxiliou nos caminhos que eu deveria seguir.
Ele me ajudou a conhecer mais sobre a Expiação de Jesus Cristo e me ajudou a me encontrar novamente.
Hoje, meu objetivo é me formar em psicologia e tentar trabalhar ao máximo com membros da Igreja e missionários retornados que estejam passando por situações semelhantes ou estejam passando por dificuldades.
Muitas vezes não entendi o por que eu não fui para a missão, mas o Senhor sabe! Eu tenho aprendido aos poucos que minha missão é trabalhar aqui.
A carta de desobrigação pode parecer dolorosa no começo, mas ela tem conselhos pessoais que me guiam. Minha bênção patriarcal complementa esses conselhos e me ajuda a ter uma ideia de como prosseguir.
Para qualquer pessoa que esteja passando pela mesma situação que eu passei ou que já viveram isso e acabaram se afastando da Igreja, saibam que há luz no fim da escuridão. Busquem a Cristo e voltem-se a Ele. Ele nos ama e está preparando o caminho para que vocês possam ter alegria na vida, basta ter paciência e confiar Nele!
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