Superar o vício por meio da Expiação de Jesus Cristo
Para aqueles que necessitam de cura e paz, há esperança em Cristo.
Muitos de nós estão familiarizados com a história de Números 21, na qual as serpentes de fogo vêm entre os filhos de Israel. Para salvar o povo, por instrução do Senhor: “E Moisés fez uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma haste; e acontecia que, se alguma serpente mordesse alguém, e ele olhasse para a serpente de bronze, ficava vivo” (versículo 9).
Essa história tem uma relevância particular para nossos dias, quando o vício – especialmente a pornografia – assola nossa sociedade e nossas famílias. Assim como serpentes de fogo varreram o acampamento de Israel, a pornografia está varrendo o mundo, e até mesmo os santos de Deus não estão escapando ilesos.
O Presidente Thomas S. Monson chamou a pornografia de “mortal”, o Presidente Gordon B. Hinckley chamou-a de “praga” e “veneno”.
De maneiras bem reais, as serpentes do vício nos atacam com a mesma ferocidade e com consequências tão devastadoras quanto as serpentes de fogo atacaram os filhos de Israel.
A maioria das pessoas está ciente das tristes consequências do comportamento viciante, então, em vez de me concentrar nos perigos da pornografia e na dor associada ao vício, gostaria de compartilhar uma mensagem de esperança.
Olhe para o Salvador
Números 21 não é o único relato bíblico sobre como a serpente de bronze de Moisés salva os filhos de Israel. No Livro de Mórmon, Alma também falou deste símbolo:
“Eis que Moisés dele falou; sim, e eis que um símbolo foi levantado no deserto, a fim de que todo aquele que o olhasse, vivesse. E muitos olharam e viveram.
Poucos, porém, compreenderam o significado daquelas coisas; e isso devido à dureza de seu coração. Mas houve muitos tão obstinados, que nem quiseram olhar e, portanto, pereceram. Ora, a razão pela qual não queriam olhar era que não acreditavam que isso os acuraria.
Ó meus irmãos, se pudésseis ser curados simplesmente olhando ao redor para serdes curados, não o faríeis rapidamente? Ou preferiríeis endurecer o coração na incredulidade e ser negligentes, recusando-vos a olhar ao redor, e assim perecer?
Se assim for, a desgraça cairá sobre vós; mas se não for, então olhai ao redor e começai a acreditar no Filho de Deus” (Alma 33: 19–22).
Observe os detalhes que Alma compartilhou ao contar essa história. Ele concentrou seus comentários no Salvador e no poder de cura de Sua Expiação. Ele nem mesmo mencionou as serpentes de fogo!
O que Alma decidiu contar, e o que ele decidiu não mencionar, ensina uma chave para vencer o vício da pornografia (ou qualquer desafio que possamos ter nesta vida): “olhai ao redor e começai a acreditar no Filho de Deus”(versículo 22).
Em meu trabalho como conselheiro e na vida em geral, tenho observado que muitos de nós se concentram no problema que enfrentam e como ele é horrível.
Até certo ponto, é bom perceber a tendência dos vícios de destruir vidas e arruinar relacionamentos.
Há um momento e um lugar para advertir nossos vizinhos (ver D&C 88:81), e o reconhecimento pode ajudar a “atormentar” nossa consciência e levar-nos ao arrependimento (ver Alma 36:17-18).
Mas quando passamos tanto tempo descrevendo o ataque da “serpente”, deixamos de notar a fonte de cura, não somos muito diferentes dos israelitas.
Os filhos de Israel não precisavam se concentrar nas serpentes ou na dor de suas picadas venenosas ou no medo da morte para serem curados. Eles simplesmente tinham que olhar para a fonte de cura: seu Salvador, Jesus Cristo.
Não se concentre nas serpentes
Sabemos pelas escrituras e pelos ensinamentos dos profetas modernos que o arrependimento genuíno requer o sentimento de arrependimento sincero. Porém, concentrar-se demais no que é negativo pode levar ao medo, a perda de esperança e a diminuição da autoestima, nas palavras de Néfi, começamos a nos deixar “abater pelo pecado” (2 Néfi 4:28).
Aqueles que lutam contra o pecado, às vezes mentem e racionalizam na tentativa de minimizar as consequências de seu comportamento.
Contudo, em algum lugar dentro de si, eles estão cientes o que fizeram e sabem que são responsáveis por isso. Eles sabem que estão em cativeiro espiritual.
Quase todas as pessoas que conheci que lutam contra o vício sofrem de uma terrível sensação de vergonha e acreditam que estão quebradas, são falhos e estão além do amor e da graça de Deus. Em minha experiência, essa crença está longe de ser verdade.
Normalmente, acho que aqueles que lutam contra os vícios são guerreiros com tenacidade, coragem e um forte desejo de serem purificados. Eles vencem muito mais batalhas do que perdem enquanto marcham em direção à recuperação.
Isso pode ser difícil de compreender, se as pessoas são tão fortes, por que é tão difícil vencer o vício?
O vício é sempre mal compreendido, e alguns acreditam que se uma pessoa simplesmente escolhesse se recuperar ou se esforçasse mais para parar, ela seria capaz de fazê-lo.
Porém, a natureza do vício (e de todo pecado) é tão forte que não podemos nos curar dele sozinhos. Os filhos de Israel não conseguiram se curar das picadas das serpentes de fogo, e não podemos simplesmente desejar ou mesmo eliminar o vício. Devemos encontrar nossa esperança de cura em Cristo.
Tenha esperança
Por que alguns optam por não olhar e viver? Em Alma 33:20, lemos que “Poucos, porém, compreenderam o significado daquelas coisas; e isso devido à dureza de seu coração” e que não olharam porque “que não acreditavam que isso os curaria.”
Alguns dos filhos de Israel haviam abandonado toda esperança de cura.
Reflita sobre a experiência daqueles que lutam contra a pornografia. O vício traz consigo grandes fardos de segredos e dor.
Normalmente, as pessoas não demoram muito para querer parar. Elas dizem a si mesmas “nunca mais”, mas vez após vez, elas caem.
Essa sucumbência pode trazer consigo uma “dureza de coração”, uma recusa em acreditar que qualquer coisa pode ajudá-las.
Outras podem endurecer o coração ao ficarem frustradas quando, apesar de seus melhores esforços, o Salvador não parece estar curando-as.
Elas se aconselharam com seus líderes do sacerdócio, jejuaram e oraram com real intenção, frequentaram o templo, receberam bênçãos do sacerdócio e ouviram os sussurros e o consolo do Espírito Santo, tudo sem sentir que o Salvador as curou.
O Pregar Meu Evangelho aborda essa mesma preocupação com relação aos comportamentos de dependência: “O arrependimento pode envolver um processo emocional e físico… tanto o arrependimento quanto a recuperação podem levar tempo. … Mesmo que a pessoa tenha algum sucesso a princípio, uma maior cura emocional talvez seja necessária para que ela se arrependa plenamente e se recupere”.
É preciso fé, esperança e tempo para curar dos padrões de autoengano, isolamento e sigilo que quase sempre acompanham o vício. Podemos receber o conselho de Néfi para “prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança” (2 Néfi 31:20) de que Ele pode nos curar, e está curando.
Não podemos desistir ou decidir que, devido as das tentações e desejos, não há esperança em Cristo. Para aqueles que não olham porque não sentem esperança, digo que há esperança em Cristo. Ele é a esperança para a recuperação.
Procure ajuda profissional
Também podemos fazer muito pela nossa fé e o poder em Cristo. O Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou que “os santos dos últimos dias acreditam em aplicar as melhores técnicas e conhecimentos científicos disponíveis. Usamos a nutrição, os exercícios e outras práticas para preservar a saúde e recrutar a ajuda de profissionais da saúde, como médicos e cirurgiões, para restaurá-la”.
Devemos fazer o que pudermos para superar nossa situação, aprender sobre o vício e encontrar apoio em nossa família e amigos.
O website Overcomingpornography.org oferece recursos e sugestões para pessoas, famílias e líderes da Igreja. O folheto Deixe a Virtude Enfeitar Teus Pensamentos (disponível nos líderes do sacerdócio ou em store.LDS.org) também pode ser útil.
Aconselhamento profissional também pode ser apropriado. O Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze, sugeriu aos líderes do sacerdócio que “quando necessário, podem encaminhá-los ao aconselhamento com profissionais credenciados e por meio dos Serviços Familiares SUD”.
Não estou sugerindo que todos precisam de um aconselhamento. O Presidente Boyd K. Packer, do Quórum dos Doze, advertiu-nos que procuramos com muita frequência um conselheiro quando devemos buscar o Senhor.
No entanto, em alguns casos, pode ser apropriado.
Outro recurso, o Programa de Recuperação de Vícios, disponível nos Serviços Familiares SUD, é um recurso gratuito e confidencial para pessoas que lutam contra o vício e para seus familiares.
Os participantes aprendem a aplicar os princípios do evangelho para ajudá-los a sentir não apenas o arrependimento, mas também a recuperação por meio da Expiação de Jesus Cristo.
Familiares e entes queridos
Uma observação final para os familiares e entes queridos daqueles que lutam contra o vício.
Frequentemente, parece que a ajuda chega prontamente à pessoa que está lidando com o vício, fazendo com que você se sinta negligenciado.
O Salvador oferece a você a mesma cura e esperança que oferece ao seu ente querido. Você também pode receber apoio nessa provação por meio da Expiação de Jesus Cristo (ver Alma 36:3). A Expiação de Jesus Cristo é por todos nós.
Sei que, ao “olharmos ao redor” e começarmos a “acreditar no Filho de Deus”, Ele nos curará (Alma 33:22). Ele é o Filho de Deus e o nome Dele é o único meio pelo qual podemos voltar para nosso Pai (ver Mosias 3:17).
Alma termina seu sermão sobre a serpente de latão com seu testemunho de que Cristo “virá para remir seu povo e que ele sofrerá e morrerá para expiar os pecados deles” (Alma 33:22).
Acrescento meu próprio testemunho de que Cristo veio e que “[nossas] cargas sejam leves pela alegria em seu Filho” e da cura de Sua Expiação eterna (Alma 33:23).
Este artigo foi escrito por Benjamin R. Erwin e publicado com o título “Overcoming Addiction through the Atonement”.
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