Navegar pelo caminho amargo rumo à felicidade
A nossa filha mais nova acabou de se formar no ensino médio. Foi uma experiência estranha, estar no mesmo lugar onde já tínhamos visto cinco irmãos mais velhos celebrar o mesmo feito.
Ao voltar para o carro, minha esposa e eu refletimos sobre a aproximação do fim de nossa paternidade em tempo integral. Houve momentos de alegria, momentos de tristeza e momentos em que desejei entrar em um buraco e nunca mais sair.
Houve momentos em que derramei lágrimas de gratidão pelo privilégio de ser pai de crianças tão maravilhosas. E ao chegar no fim desta parte da jornada, posso dizer que a experiência como um todo, foi feliz e abençoada.
Então, se meu destino era a felicidade, por que havia tanta dificuldade e tristeza ao longo do caminho?
A resposta vem de uma análise de opostos. Vamos refletir sobre Adão e Eva no Jardim do Éden. Eles não tinham nenhuma adversidade. As flores e os frutos eram abundantes. Tudo estava muito tranquilo, até Lúcifer chegar.
Por tudo o que ele causou, nos perguntamos: como é que ele chegou lá? Porque é que o Pai Celestial não impediu a sua entrada, sabendo que ele iria estragar a existência pacífica dos nossos primeiros pais?
Ter o amargo para conhecer o doce
O próprio Deus respondeu essa pergunta milênios mais tarde, por intermédio do Profeta Joseph Smith: “E é necessário que o diabo tente os filhos dos homens, ou eles não poderiam ser seus próprios árbitros; porque, se nunca tivessem o amargo, não poderiam conhecer o doce” (D&C 29:39).
Como conhecer esse “amargo” aumenta o nosso apreço pelo doce? Vamos ver mais dois exemplos nas escrituras.
O irmão de Jared e seu povo foram assegurados que receberiam uma terra prometida. No entanto, havia milhares de quilômetros e um oceano entre eles e sua herança.
Em seu poder infinito, O Senhor poderia ter instantaneamente transportado a companhia para suas novas casas, poupando-lhes a dor de viajar, mas não o fez.
Em vez disso, ele exigiu que eles construíssem barcaças. Ele pediu ao irmão do Jared para descobrir como ilumina-las. Ele mandou um vento implacável para conduzi-los através do oceano. “Deste modo foram impelidos sobre as águas por trezentos e quarenta e quatro dias” (Éter 6:11).
Trezentos e quarenta e quatro dias são apenas 3 semanas para completar um ano inteiro. Isso é um tempo extremamente longo para ficar preso em uma barcaça pequena e que não tinha janelas, e estava constantemente sendo soprada, submersa, e sendo jogada de um lado para o outro
Por que fazê-los passar por tanta dificuldade para chegar ao seu destino? As escrituras registram o porquê:
“E desembarcaram nas costas da terra prometida. E quando puseram os pés nas praias da terra prometida, inclinaram-se sobre a face da terra e humilharam-se perante o Senhor e verteram lágrimas de alegria diante do Senhor, por causa da imensidade de suas ternas misericórdias para com eles” (Éter 6:12).
A adversidade, uma professora poderosa
Não acredito que os jareditas estariam tão agradecidos se o Senhor simplesmente os tivesse transportado instantaneamente para o seu destino. Depois de ter vivenciado amargas 49 semanas em uma pequena barcaça, a doçura da chegada e da liberdade foi incrível.
O povo de Alma, o pai, era fiel e diligente. Eles tinham formado uma igreja, ensinado o evangelho uns aos outros, e eram diligentes.
Porém, ainda havia razões para crescer, e a adversidade pode ser uma professora poderosa. No meio de sua prosperidade e justiça, eles foram encontrados por um exército lamanita e escravizados.
“Pois eis que vos mostrarei que eles foram reduzidos ao cativeiro e ninguém poderia salvá-los, exceto o Senhor seu Deus, sim, o Deus de Abraão e Isaque e de Jacó” (Mosias 23:23).
Ao serem forçados à escravidão, eles estavam sujeitos ao trabalho pesado e foram ameaçados de morte se orassem por libertação. Com o tempo, o Senhor aliviou seus fardos, mas eles permaneceram cativos. Por fim, foram milagrosamente libertados dos lamanitas.
Como as pessoas reagiram a este cativeiro aparentemente desmerecido e eventual redenção?
“Sim, e no vale de Alma renderam graças a Deus porque fora misericordioso para com eles e aliviara suas cargas e libertara-os do cativeiro; porque estavam no cativeiro e ninguém os poderia libertar, exceto o Senhor seu Deus.
E renderam graças a Deus; sim, todos os homens e todas as mulheres e todas as crianças que podiam falar levantaram as vozes em louvor a seu Deus” (Mosias 24:21-22).
Eu não acredito que o povo de Alma teria “rendido graças” se simplesmente tivessem continuado a viver em paz e harmonia. As dificuldades daquela provação proporcionaram um melhor apreço por suas bênçãos.
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Ele enxugará nossas lágrimas
Com esses exemplos, você consegue entender melhor por que o Pai Celestial permitiu que Lúcifer se infiltrasse no jardim?
Esses exemplos ajudam a compreender porque estamos sujeitos a guerras, secas, fome e pandemias?
Com essa compreensão, nossos desafios pessoais, como a saúde mental, o divórcio, a doença e a singularidade parecem encaixar-se mais plenamente no grande plano da felicidade?
Para cada guerra há um eventual momento de paz. Para cada seca há chuva. Todos os nossos julgamentos terminarão em algum momento.
Isso me leva a pensar na seguinte pergunta: qual será o resultado final das nossas tristezas?
” E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4).
Mal consigo pensar num momento mais abençoado do que o nosso amoroso Pai Celestial, suave e compassivamente, enxugando as últimas lágrimas da nossa provação mortal. É através da dor que podemos ganhar perspectiva e felicidade.
A voz do Espírito
Anos atrás, eu e a minha esposa estávamos no auge da paternidade e um dos nossos filhos estava passando por um momento difícil. Ele estava infeliz, e em sua infelicidade, ele tornou as coisas um pouco difíceis para toda a família.
Um domingo eu estava jejuando e orando para saber o que fazer para ajudá-lo. Enquanto estava na Igreja, recebi uma revelação muito clara.
A voz do Espírito veio claramente à minha mente, e disse, referindo-se ao meu filho, “ele vai ficar bem, mas não agora.”
Entendi que aquilo significava que ainda haveria tempos difíceis pela frente, mas eventualmente, ele se endireitaria e as coisas seriam melhores. Muitos anos depois, essa revelação se cumpriu.
Nosso filho é um homem notável, vive uma vida responsável e se esforça para guardar seus convênios.
Quando penso em seus esforços atuais, me sinto orgulhoso e grato, mas posso realmente dizer que meu orgulho e gratidão são muito maiores por saber o quão longe ele chegou, ao refletir sobre todas as dificuldades que enfrentou em seu passado.
As palavras “porque, se nunca tivessem o amargo, não poderiam conhecer o doce” provaram ser completamente verdade em nossas vidas.
O caminho para nossa terra prometida
Lembre-se, ser justo não impede que as provações ocorram em sua vida. Quando muito, às vezes parecem encorajar você.
É como o treinador que quer ajudar um jogador em sua equipe. É provável que o treinador faça com que o jogador corra mais voltas, pratica mais, e se esforce até o limite, a fim de melhorar o desempenho. Sabendo do grande potencial do jogador, o treinador lhe oferece oportunidades de crescer.
Acredito que nosso progresso espiritual não é diferente. À medida que nos esforçamos para guardar nossos convênios e nos achegamos a Deus, Ele responde por meio de oportunidades de crescimento adicionais.
Algumas dessas oportunidades vêm através de desafios e provações. São as experiências amargas que pavimentam o caminho para a doçura.
Se você se sentir sobrecarregado com dificuldades, tenha coragem. Você está sendo refinado e treinado para algo maior.
O Pai Celestial escolheu você como uma pessoa digna de promessas celestiais.
Um dia você chegará à sua terra prometida metafórica. E então, assim como os jareditas, você derramará lágrimas de alegria e gratidão pela longa jornada, pelos cuidados do Senhor e pelo crescimento que alcançou durante o processo.
Enquanto isso, todos nós podemos nos esforçar para sermos gratos e encontrar alegria nos duros caminhos da nossa redenção.
Fonte: LDS Living
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