Dia dos Avós: as lições que aprendi com a minha “Nana”
Não conheci nenhum dos meus avôs nesta vida. Estes bons homens foram para o céu antes de eu chegar. Fui abençoada por conhecer os seus extraordinários cônjuges, as minhas avós. Uma delas chamava-se Estelle.
Como neta dela, eu a chamava de “Nana”. A vovó era alegre e gostava de rir. Ela era inteligente, resiliente, era tranquila, mas sabia usar a voz com firmeza quando necessário.
A minha “Nana” não era de falar de religião, mas todos os netos sabiam que ela era uma mulher de muita fé. Minha “Nana” despendia essa fé em sua paciência inabalável; em sua benevolência e escolhas puras. O seu rosto resplandecia com a elegância da fé.
Quando eu nasci, ela já tinha uma idade avançada, mas ainda era muito ativa. Ela permitia que eu e a minha irmã fôssemos diversas vezes em sua casa.
Derramar o coração a Deus
As oportunidades de visitar a “Nana” eram emocionantes. Muitas vezes eu implorava por estas oportunidades e a minha mãe concordava.
Às vezes eu ia sozinha, e outras vezes, a minha irmã Betsy e eu íamos juntos para a casa da vovó. Lá, brincávamos com os vestidos e usávamos as joias que a vovó guardava numa grande caixa com formato de coração.
A Betsy e eu brincávamos com nossa imaginação e ríamos com a avó. No final de cada dia com ela, adormecíamos profundamente e felizes.
Numa destas visitas, acordei no meio da noite. Eu era tão jovem e tinha medo do escuro. Procurei a vovó para me confortar. Ela não estava na cama.
Como? Andei suavemente, à procura dela. Onde é que ela estava? Um pequeno pânico começou a surgir em meu peito. Eram 3 da manhã e eu a procurava naquela escuridão.
Quando a encontrei, ela estava ajoelhada num canto da sua sala de estar, orando.
De longe, a observei, reverente, enquanto ela silenciosamente derramava o seu coração a Deus. Entrei no quarto com cuidado, quase sem fazer barulho. A vovó não olhou para cima. Ela não sabia que eu estava ali.
A observei durante muito tempo. Finalmente, o sono me dominou e não pude mais resistir, então voltei para a cama.
Esta experiência me deixou uma impressão profunda. A vovó sabia que Deus vivia. Ela O amava. Ela acreditava que ele podia ajudá-la.
Percebi que era na oração onde a minha “Nana” conseguia o seu poder, o poder de amar os outros de forma tão consistente.
Exemplo de resiliência e fé
A oração a deu o poder perdoar, mesmo quando a vida tinha sido devastadora com ela. Por exemplo, uma enfermeira jovem, nervosa e inexperiente cometeu um erro trágico durante o parto de um dos bebês da “Nana”.
Por causa disso, o bebê, que era saudável, nasceu com deficiências graves. A vovó perdoou aquela enfermeira.
Ela levou seu bebê incapaz de progredir mentalmente para casa e criou – o até que estivesse crescido e ela não pudesse mais criá-lo sozinho.
Isto aconteceu em Boston na década de 1940. Crianças com deficiências não eram tão abraçadas e amadas como são hoje. Eram muitas vezes mandadas para instituições.
A vovó recusou-se a mandar o filho embora. Depois a vovó teve a minha mãe. Depois teve a tia Helen. Naquela época, ela tinha quatro filhos, incluindo seu primogênito, o amado tio Paulo.
Logo, uma tragédia atingiu sua família, quando uma doença levou a sua linda e preciosa filha Helen, aos três anos de idade. Tempos depois, um derrame levou o seu amado esposo quando ela ainda era mãe de adolescentes.
De uma janela diferente
De alguma forma, a vovó sempre soube voltar-se para a luz, não para longe. A noite em que a encontrei não foi a última vez que vi a vovó orar.
Também não seria a última vez que me perguntaria quanta bondade poderia haver dentro de um ser humano.
Agora sou a “Nana” de oito netos pequenos, e mais um a caminho. Tudo isto aconteceu tão rápido – esta mudança da criança para vovó. Essa velocidade da mortalidade nos deixa um pouco tontos, não é?
Às vezes, sinto a vovó comigo e sinto que ela ainda me observa, como muitas vezes fez de sua janela, enquanto eu brincava em seu jardim quando criança.
Eu olhava para cima e a via naquela janela, sorrindo para mim. Agora ela está do outro lado de um outro tipo de janela. Agora ela me observa tentando ser uma “Nana”, tentando alcançar os objetivos de uma avó.
Eu estou me esforçando Nana. Nos vemos daqui a uns anos.
Amo você.
Fonte: Meridian Magazine
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