Como consolar aqueles que estão de luto: “não estamos destinados a fazer isto sozinhos”
Em 5 de junho de 2020, Christopher Clark faleceu após uma batalha de quatro anos com esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Poucos dias antes, ele e sua esposa, Lisa Valentine Clark, celebraram seu 25º aniversário de casamento.
Agora, ela sente a ausência de seu marido todos os dias e fala sobre como é estar tão sobrecarregada de dor e tristeza que gostaria apenas de conseguir relaxar.
Em um episódio do podcast All In, Lisa discute o que ela aprendeu com o processo de luto e como consolar aqueles que necessitam de consolo.
Morgan Jones: Você já teve a experiência ser o foco principal de muitos comentários e muitos esforços de ministração.
Eu amei quando você disse que estava, “tão sobrecarregada por sentimentos de dor e tristeza que você só queria conseguir relaxar”. Acredito que esse seja um sentimento com o qual muitas pessoas podem se relacionar por meio de diferentes circunstâncias.
Você também disse que “quando fazemos isso, quando nos afastamos… das maneiras como as pessoas podem nos servir, amar, ajudar e ser uma parte muito presente em nossas vidas, isso limita as maneiras que o Senhor pode nos abençoar”.
Então eu me pergunto, quando você está nesse ponto de apenas querer se sentir sozinho em sua dor e querer processar tudo o que está acontecendo, como você se permite continuar a se conectar com os outros e a ser ministrada? E o que você aprendeu com essa experiência de ser ministrada por outras pessoas?
Todos temos razões para chorar
Lisa Valentine Clark: Bem, me permita ser muito clara. Sinto que quando alguém está passando pela pior parte de sua vida, é melhor dizer algo do que não dizer nada, mesmo que seja a coisa errada.
E acredito que seria muito bom falar mais sobre luto e ter menos medo disso. Todos nós estamos de luto ou tristes por muitas coisas diferentes em diferentes níveis. E, às vezes, penso que queremos proteger os outros da nossa dor porque pensamos que pode ser demais para eles.
Sinto que todos temos razões para chorar. Mas cada um de nós, individualmente, vai sentir tristeza por algo grande ou pequeno, por sonhos e esperanças que nem sabíamos que tínhamos, pela ideia de um futuro.
Quando somos mais novos, acreditamos que tudo é possível. Mas, à medida que envelhecemos, vemos algumas portas se fecharem e vemos que não seremos capazes de ter todas as experiências nesta vida. E isso merece um momento para ser lamentado e reconhecido.
Não acredito que seja coincidência que Cristo tenha chorado pelos outros. Ele chorou apesar de ter o poder de secar todas as lágrimas. Isto é algo muito significativo.
Também é muito importante ter esse momento para estar sozinho, para ponderar… e não ter que se preocupar com suas respostas, suas expressões faciais, seus modos, e ter um tempo sozinho para ficar em silêncio.
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Não há outra maneira
No entanto, em um outro contexto, é fácil ficar preso nisso. E acho que todos conhecemos pessoas que podem se afastar discretamente ou que não demonstram seus sentimentos.
Se têm o coração partido, eles se sentem constrangidos ou magoados, ou se tiveram uma perda, por qualquer motivo, preferem não se abrir para nas relações ou não abrem o coração ou não investem em uma amizade ou não são totalmente honestos, ou vulneráveis, ou corajosos, porque é isso um risco.
Acredito que agora eu tenho um pouco mais de empatia por essas pessoas, porque agora sei o que é correr esse risco.
Mas sem esse risco, nunca amamos profundamente, nunca vivemos plenamente, nunca sentimos o que estamos aqui para sentir como seres humanos, que é amar-nos uns aos outros, ajudar-nos uns aos outros e aprender a entender a nossa verdadeira natureza e lugar no mundo.
A morte do Christopher é certamente a pior dor, a pior perda que já senti. Mas não foi a única. Eu tive muito tempo ao longo de muitos anos para perder muitas outras esperanças, sonhos, relacionamentos e ter pequenas e grandes decepções.
E todas essas coisas ecoam da mesma coisa. Não estamos destinados a fazer isto sozinhos, não podemos fazê-lo sozinhos… temos de ajudar uns aos outros. E não há outra maneira, ou não vi outra maneira de fazê-lo.
Fonte: LDS Living
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