Setenta anos de fé: uma volta no quarteirão, um casamento e meu batismo
Meu nome é Ruth Paglarelli Bergqvist, nasci no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1932 e tenho atualmente 92 anos. Sou filha única de pais brasileiros com ascendência italiana. Casei-me com Odmar Serrano Bergqvist e tive 4 filhos. Minha família era ótima. Cresci na Tijuca e fui normalista no Instituto de Educação.
Em 1950, nós frequentávamos um clube aqui no Rio de Janeiro, e eu nada sabia da Igreja, mas conheci um rapaz nesse clube, o Odmar, que era membro da Igreja e fora batizado em 1948 (ele foi o primeiro homem batizado no Rio de Janeiro após a 2ª Guerra Mundial).
Começamos a conversar muito sobre a Igreja e passamos a namorar. Eu tinha muita vontade de ir à Igreja, que era numa casa na Rua Camaragibe, na Tijuca, para conhecê-la melhor.
Meus pais eram ótimas pessoas, mas, em 1950, eles frequentavam outra igreja e não aceitavam a ideia de que eu gostaria de conhecer uma nova religião, nem queriam saber de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
No entanto, permitiam que eu namorasse um membro dela. Quando solteira, fui a apenas duas reuniões e a uma festinha na Igreja.
Uma volta no quarteirão, o casamento e meu batismo
Ganhei do Odmar, logo que nos conhecemos, um Livro de Mórmon, que me interessou muito. Queria saber mais sobre Joseph Smith e sobre a vida dele depois da visão de Jesus Cristo e do Pai Celestial. Comecei a orar mais e a ler muito para saber e também para compreender como a Igreja fora restaurada.
Fiquei muito impressionada com esse fato, e meu coração, antes mesmo de ser batizada, aceitou a Restauração da Igreja e tudo o que eu lia no Livro de Mórmon. Fiquei realmente muito feliz por conhecer aquilo tudo.
Em 1952, formei-me professora e ficamos noivos, passando a pensar em casamento. Isso me deixava apreensiva, porque eu queria casar na Igreja de Jesus Cristo, mas pensava nos meus pais e sabia que talvez fosse difícil convencê-los.
Por terem meus pais católicos e por eu ser filha única, resolvemos, em setembro de 1954, nos casar numa igreja católica próxima da Rua Camaragibe, onde era a capela.
Após o casamento católico, demos a volta no quarteirão e nos casamos na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, onde fomos abençoados.
Passei a frequentar a Igreja, e os élderes que serviam naquela época eram Élder Fisher e Élder Smith. Eles me deram as palestras necessárias, e então foi marcado o meu batismo para 8 de janeiro de 1955. Naquela época, como não tínhamos capela construída, éramos batizados na praia.
Viver o evangelho
Fui batizada pelo meu marido, Odmar, e pelo irmão José Carlos Baroni, na Praia Vermelha, em uma bela tarde de verão. Na praia, estiveram alguns membros do ramo da Tijuca e o meu pai, o que me fez ficar muito feliz.
Ao vivenciar o evangelho em minha vida e estudar a doutrina diariamente, pude sentir o grande e verdadeiro amor do Pai Celestial e de Jesus Cristo. Também pude reconhecer a presença do Espírito Santo como um guia no meu dia a dia.
O tempo foi passando, e fui chamada para trabalhar na Sociedade de Socorro, na Primária, na antiga Escola Dominical Júnior e também na Missão Brasileira do Norte.
No começo dos anos 60, tive a oportunidade, junto com minha família, de ajudar na construção da capela da antiga Estaca Andaraí, hoje Estaca Rio de Janeiro. Finalmente, tivemos uma capela para adorar em 1965!
Tive a oportunidade de constituir minha família com meu marido e meus 4 filhos. Esperamos por muito tempo a construção de uma Casa do Senhor no Brasil. Fomos selados no Templo de São Paulo em 15 de junho de 1969.
Um firme testemunho de Jesus Cristo
Hoje, com um templo no Rio de Janeiro, me sinto infinitamente grata pelo privilégio de adorar a Deus e realizar ordenanças pelos meus antepassados com mais facilidade. Frequento a Casa do Senhor com frequência.
Sei que, através de Seus profetas nos dias de hoje, o Senhor guia Sua Igreja e que eles trazem Seus ensinamentos para nossa vida.
Nestes 70 anos, tive a oportunidade e o privilégio de vivenciar muitas revelações e ver o crescimento do Reino de Deus na Terra.
Em 2022, tive a oportunidade e o privilégio de discursar na dedicação do nosso tão sonhado Templo do Rio de Janeiro! Que momento histórico e marcante foi para mim estar com Élder Stevenson e tantos membros queridos naquela sessão de dedicação.
Tenho um firme testemunho de que o Pai Celestial e Jesus Cristo vivem e, através do Livro de Mórmon e do conhecimento do evangelho, procuro seguir os ensinamentos para estar mais perto Deles.
Como legado, gostaria de deixar para todos o meu exemplo de não desanimar por todos esses anos e a certeza de que precisamos estudar muito a nossa doutrina, porque Cristo chegará em breve.
Este artigo foi escrito por Ruth Paglarelli Bergqvist.
Veja também:
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- Quando o outro lado do véu me ajudou a fazer minha genealogia
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