Musical conta a história de Cristo nas Américas

“Acho que você deveria escrever uma obra musical sobre Cristo e as Américas.”

Foi assim que, em 2009, surgiu a sugestão de Brandon Stewart para seu irmão mais velho, Brett Stewart — aparentemente do nada. Dois anos antes, os irmãos haviam fundado o Millennial Choirs and Orchestras no Condado de Orange, Califórnia.     

“Pensei: de jeito nenhum”, respondeu Brett Stewart, então com 31 anos, hesitando diante da ideia de assumir um projeto tão grandioso sobre as escrituras sagradas dos santos dos últimos dias. “Não estou interessado.”

Em 1977, o mesmo ano em que Brett Stewart nasceu, o presidente Spencer W. Kimball, então líder sênior de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, publicou “A Visão do Evangelho nas Artes”. 

Ao mencionar os grandes mestres da música do passado, esse líder profético sugeriu que “o melhor ainda não foi composto nem produzido”, e propôs que os “artistas do amanhã” poderiam usar a vinda de Cristo aos nefitas como material para uma grande obra-prima. 

O presidente Kimball imaginava o dia em que futuros músicos “escreveriam e cantariam sobre o retorno de Cristo à terra americana, com poder e grande glória, e sobre o estabelecimento do reino de Deus na Terra em nossa própria dispensação.”

Ao longo de seus 18 anos de história criando música para um público amplo, esse coro multiestadual, em alguns momentos, abordou temas específicos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, como na apresentação de “The Vision” em Palmyra, em 2024.

Mas, naquele início, abordar musicalmente a vinda de Cristo às Américas, conforme retratada em 3 Néfi, no Livro de Mórmon, parecia mais assustador do que inspirador para o jovem compositor. 

Até mesmo o presidente Kimball havia reconhecido: 

“Nem Handel nem qualquer outro compositor do passado, presente ou futuro poderia fazer jus a esse grande evento.”

Mas o irmão mais novo de Brett não desistiu e perguntou: “Você concorda que isso precisa acontecer em algum momento?”  “Sim… precisa acontecer”, respondeu Brett Stewart. “Então, se não for você, quem será?” pressionou Brandon Stewart. “Estou pedindo para você encarar isso.”

Foi nesse momento que Brett Stewart se lembrou de imaginar um musical sobre o Livro de Mórmon realmente acontecendo. “Ok, vou pensar sobre isso”

A composição de “Messiah in America”

O progresso foi lento até que os membros do coro surpreenderam Brett Stewart com um presente: um novo computador e teclado, acompanhado de um bilhete encorajador — “Isto é para que você escreva essa obra para nós.” 

Brandon Stewart, confiante no talento do irmão, sabia que ele precisava ser estimulado para aceitar o desafio.

Apesar da resistência inicial, Brett começou a se dedicar ao projeto, especialmente após ouvir que o Livro de Mórmon nunca poderia ser musicalizado como a Bíblia foi por Handel. “Vou provar que ele está errado”, pensou.

Nos meses seguintes, Brett passou por um longo processo criativo, com melodias surgindo naturalmente. Para estruturar a narrativa, contou com a ajuda de seu ex-professor de seminário, Bruce Richardson. A quantidade de material era imensa, exigindo escolhas cuidadosas para manter a integridade da história.

Sua irmã, Kristi Ward, lembra que Brett chegava aos ensaios inspirado, dizendo que algumas músicas “vinham direto do céu”. Brandon também relata que a imersão dos irmãos na música clássica desde a infância foi essencial para criar uma obra profunda e memorável.

Um ano após a primeira conversa, o musical estreou na Califórnia em 31 de março de 2010, expandindo para o Arizona no ano seguinte. A gravação do álbum chegou ao topo da parada clássica da Billboard, culminando com convites para apresentações no Tabernáculo de Salt Lake.

Um projeto de paixão e propósito

Para os envolvidos, “Messiah in America” sempre foi um projeto movido pela paixão e pela fé. “Estamos fazendo isso porque acreditamos nessa mensagem”, disse Kristi Ward, ao falar sobre a importância de compartilhar a história de 3 Néfi, vista por muitos como “o quinto evangelho”, pois representa o cerne do Livro de Mórmon.

Desde a adolescência, Brett Stewart sentiu sua convicção sobre o Livro de Mórmon profundamente enraizada. Para ele, sua fé é inegável, lógica e essencial. Seu irmão, Brandon Stewart, reforça que a aparição de Cristo aos nefitas é o evento central do livro e uma das mais poderosas representações de quem Ele realmente é — não apenas como Salvador, mas como ser humano, cheio de compaixão e propósito.

A equipe se dedicou a retratar a história com precisão e respeito, equilibrando a dramaticidade da destruição da civilização nefita com a luz da aparição de Cristo. “Queremos fazer justiça a essa história”, explica Brandon, enfatizando que o musical evita exageros teatrais, mas não minimiza a profundidade da narrativa.

Para um coro acostumado a temas cristãos mais amplos, este projeto foi um desafio. No entanto, a equipe sentiu-se chamada a apresentar o Livro de Mórmon ao mundo de uma maneira autêntica e impactante.

Cantando as escrituras

Os participantes do coro de “Messiah in America” descrevem sentir uma experiência espiritual ao cantar a história de 3 Néfi. “Há algo diferente nos ensaios”, dizem muitos dos coralistas.

Brett Stewart compartilha que alguns membros, depois do musical, não apenas leem as escrituras — eles as cantam. As melodias se entrelaçam com o texto, trazendo uma conexão mais íntima com Cristo e seus ensinamentos.

Jodi Reed, diretora musical, participou da produção original e diz que a obra mudou sua perspectiva para sempre: “Afundou fundo no meu coração. Vou lembrar desses textos até os 90 anos.” A música intensifica as emoções das passagens, tornando a história mais viva e impactante.

Brandon Stewart reforça que a melodia dá nova dimensão às palavras sagradas, acentuando a força do momento em que Cristo aparece aos nefitas. “A música traz uma conexão mais profunda com o poder de Cristo nesses momentos.”

Para Patti Salisbury, da equipe de produção, estar cercada por essa mensagem semana após semana tem sido um verdadeiro fortalecimento da fé. Ela acredita que o musical será transformador para todos que o vivenciarem — uma lembrança do amor de Cristo e de sua presença restauradora.

Fonte: Deseret News

Ouça o álbum completo Messiah in America aqui:

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