O que aconteceu em cada um dos dias da Criação do Mundo?
O primeiro dia (Gênesis 1:1-5)
O Senhor criou os Céus e a Terra. Terra, refere-se a nosso planeta. Todavia, a interpretação de “céus” não é tão simples. O texto neste primeiro versículo bíblico traz “céus” em vez de “céu” (embora algumas versões da Bíblia em português prefiram “céu” no singular [1] ). O detalhe da palavra no plural pode passar desapercebido ou parecer insignificante, pois poderia apenas indicar uma forma poética/simbólica de narrar a Criação, porém, por meio de comparação com outras passagens de escrituras nosso entendimento se amplia. Por exemplo: “Eis que os (1) céus e (2) os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há.” (Deuteronômio 10:14, sublinhei e numerei). “Àquele que vai montado sobre os céus dos céus, que existiam desde a antiguidade; eis que envia a sua voz, dá um brado veemente.” (Salmos 68:33, sublinhei).
Primeiramente é preciso ponderar que o termo “céus” possui vários significados nas escrituras: (1) Expansão ao redor da Terra (Gênesis 1:17), (2) Lugar onde Deus vive (Gênesis 28:11, Apocalipse 4), (3) Mundo Espiritual Pós-mortal (Paraíso) (Lucas 23:39-44, João 20:17, D&C 138:11-37), (4) futura morada dos que forem salvos (Mosias 2:41, Apocalipse 21:1), (5) lugar onde vivem os seres transladados (D&C 110:13, Moisés 7:23), (6) os Reinos de Glória (D&C 76, II Coríntios 12:2), etc. Deus criou todos estes céus.
Deus também fez a Separação da Luz e das Trevas.
Em português lemos que a Terra “era sem forma e vazia”, todavia, em Abraão 4:2 lemos que a Terra estava na verdade “vazia e desolada”, o que também pode ser traduzido por “vazia e desordenada”. Pois se ela estivesse mesmo sem forma alguma haveria uma contradição com o primeiro versículo bíblico. “E a Terra, depois de formada, estava vazia e desolada, porque eles [os Deuses] não haviam formado coisa alguma a não ser a Terra; e as trevas reinavam sobre a face do abismo e o Espírito dos Deuses pairava sobre a face das águas.” (Abraão 4:2, itálicos adicionados)
“Depois que a terra foi organizada e formada, e ela não era, de maneira alguma, sem forma e vazia; muito pelo contrário, como diz o texto hebraico e através do relato de Abraão, ela era “vazia e desolada”. De fato, no ponto em que começa a descrição da preparação da terra para ser uma morada adequada para o homem, ela se encontrava envolvida pelas águas, sobre as quais o “Espírito de Deus” se movia ou pairava”. (Rasmussen, Introduction to the Old Testament, Vol. 1, pg. 11).
O segundo dia (Gênesis 1:6-8)
Os versículos de 6-8 dizem respeito ao segundo momento criativo. Deus cria uma “expansão no meio das águas” e separa as “águas”. A expansão recebe o nome de “Céus”.
A palavra traduzida por “expansão ” vem do vocábulo hebraico que significa estender, expandir, cobrir . (Este termo é também usado em Abraão 4:6-7 . ) A separação das águas que estavam debaixo das que se encontravam por cima do firmamento, ou expansão, é explicada como um simples fenômeno natural da terra.
“As águas que estavam debaixo do firmamento são as que cobrem o próprio globo terrestre; as que estavam sobre, são as que flutuam na atmosfera, e que estão por ela separadas das que se acham sobre a terra; as águas que se acumulam em forma de nuvens, e que depois rompem seus mananciais e se derramam em forma de chuva sobre a superfície do planeta (…) Portanto, de acordo com esta concepção, se levarmos em conta que essa massa líquida que cai sobre a terra em forma de chuva está cerrada nos céus (Gênesis 8:2), é evidente que devemos considerá-la como estando acima da abóbada que cobre a terra ou, de acordo com as palavras de Salmos 148:4, ‘as águas que estão sobre os céus’.” (Keil e Delitzsch , Commentary, 1:1:53-54, ver também Manual do Aluno do Instituto do Curso do Velho Testamento, pg. 28)
O Élder Bruce R. McConkie ensinou:
“As águas eram ‘divididas’ entre a superfície da Terra e o céu atmosférico que a envolvia. O ‘firmamento’ ou a ‘expansão’ a que se chamou ‘Céus’ foi criado para dividir ‘as águas que estavam debaixo da expansão das que estavam por cima da expansão’. Assim, à medida que se desenrolam os eventos da criação, foram tomadas providências para que as nuvens, a chuva e as tempestades dessem vida ao que viria a crescer e habitar sobre a Terra”. (Ver Moisés 2:6–8;Abraão 4:6–8.) (Ensign, junho de 1982, p. 11.).
O terceiro dia (Gênesis 1:9-13)
Deus faz surgir a porção seca “terra” e ajunta as águas do planeta formando os “mares”. Após isso cria o que hoje conhecemos como Reino Plantae ou Reino Vegetal. As plantas deveriam se multiplicar “segundo sua espécie”. A frase “segundo a sua espécie” é usada diversas vezes nos relatos de Criação. Abraão deu grande ênfase a esse princípio , em Abraão 4:11-12. Também Abraão 4:31 parece realçar a imutabilidade das leis que o Senhor deu a este reino (veja D&C 88: 36-38, 42-43). Constatamos, portanto que as leis da genética (Leis de Mendel), acham-se reveladas em todos os três relatos da Criação. O Profeta Joseph Smith ensinou: “Deus expediu certos decretos que são fixos e inalteráveis; por exemplo: pôs o sol, a lua e as estrelas nos céus, e fixou as leis, condições e limites que devem regê-los e a que não podem desobedecer, exceto por mandamento seu; todos se movem em harmonia perfeita: dentro de sua esfera e ordem, e nos são por luzes, maravilhas e sinais. O mar também tem seus limites que não pode ultrapassar. Deus colocou muitos sinais na terra, assim como nos céus; por exemplo: o carvalho na floresta, o fruto na árvore, a erva no campo, são sinais de que ali se plantou uma semente, porque o Senhor decretou que toda árvore, planta e erva que tenham semente, devem produzir sua própria espécie, e não podem nascer de acordo com nenhuma outra lei ou princípio.” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pg 193).
Em Abraão há uma ponto muito relevante sobre o terceiro dia de Criação. Segundo o relato, Deus não criou as plantas neste dia – mas organizou a terra para produzir plantas (Abraão 4:11-12). Isso torna o relato da Criação muito mais coerente, pois sabemos que as plantas dependem muito da luz solar – e o Sol ainda não havia sido criado nesta etapa.
Nossa leitura de Gênesis poderá ser assim, portanto: “Disse Deus: [Capacite a terra para que produza] relva, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra; e assim foi. E a terra produziu relva, e erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente estava nela conforme a sua espécie [no devido tempo]; e viu Deus que era bom.”
O quarto dia (Gênesis 1:14-19)
Deus criou “luminares” para “haver separação entre o dia e a noite”. O luminar maior é o Sol – e o menor, a Lua. Deus também fez as estrelas. E Deus “os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra”. Embora os três relatos da Criação concordem que neste dia Deus criou o Sol e a Lua, em Abraão nosso entendimento se amplia quanto as estrelas. Aparentemente Deus não criou as estrelas nesta ocasião, mas as “fixou” em relação a Terra (ou a Terra foi colocada em sua posição em relação as estrelas). “E os Deuses organizaram as duas grandes luzes, a luz maior para governar o dia e a luz menor para governar a noite; com a luz menor também fixaram as estrelas.” (Abraão 4:16). As estrelas – muitas das quais aprendemos na Pérola de Grande Valor, sustentam sistemas planetários complexos (como o nosso) – que, inclusive, possuem vida. Muitos já existiam antes da Terra – e muitos mais poderão existir depois (vamos discorrer mais sobre o tema quando estudarmos Moisés 1).
Fixar é colocar, prender, tornar firme. Apesar do Sol e da Lua serem criados – todos os astros foram fixados nesta ocasião, ou melhor – o Sol, a lua – e provavelmente os demais planetas que compõem nosso Sistema Solar – foram posicionados em suas devidas órbitas e dispostos de maneira ordenada para que suas trajetórias e resoluções proporcionassem a vida na Terra. O sistema recém montado foi disposto entre a vastidão do Universo – e todas as coisas foram vigiadas até cumprirem a ordem do Criador (Abraão 4:18).
O quinto dia (Gênesis 1:20-23)
No quinto dia Deus cria parte da vida animal, segundo o Gênesis Deus criou criaturas marinhas e aves. No sexto dia, Deus criou outros animais, como mamíferos e répteis. Entretanto, mais uma vez, o relato de Abraão esclarece que no quinto dia Deus “preparou as águas para (…) toda criatura vivente que se move, que as águas haviam de produzir abundantemente” O relato ainda acrescenta que os Deus viram que seriam obedecidos e que seu plano era bom (Abraão 4:21). Isso nos leva a pensar que a Criação dos animais – como toda obra criativa – não foi em um estalar de dedos. Foi algo planejado – e que levou algum tempo.
A palavra baleias, por exemplo, é traduzida do vocábulo hebraico tannanim, derivado de um verbo que significa “alongar”. Este termo, na verdade, quer dizer “os de grande tamanho”. Esta palavra provavelmente se aplicava a outros animais ou répteis marinhos de grande porte, como o golfinho , o tubarão e o crocodilo , além do animal que atualmente chamamos de baleia. (Keil e Delitzsch, Commentary, 1:1:60; Clarke, Bible Commentary, 1:37). Assim, “baleias” poderiam se referir a grandes animais já extintos, como os ictiossauros e plesiossauros.
O Élder Boyd K. Packer ensinou:
“Nenhuma lição é mais evidente na natureza do que a de que todos os seres vivos obedecem ao mandamento dado pelo Senhor na Criação. Eles se reproduzem ‘segundo sua espécie’. (Ver Moisés 2:12, 24.) Eles seguem o padrão de seus pais. (…) Um pássaro não se torna um [outro] animal nem um peixe. Um mamífero não gera répteis nem os homens colhem ‘figos dos abrolhos’”. (Mateus 7:16)” (Conference Report, outubro de 1984, p.83; ou Ensign, novembro de 1984, p. 67.)
O sexto dia (Gênesis 1:24-31, 2:7-25)
Deus criou vários animais neste dia. Criou o homem e a mulher. A revelação moderna declara que o Pai Celestial “tem um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem”. (D&C 130:22) A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias aceita Gênesis 1:26 e Moisés 2:26 de modo literal. Como filhos de nosso Pai Celestial, nosso corpo físico e nosso corpo espiritual são à Sua imagem.
A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos afirmaram:
“Todos os seres humanos—homem e mulher— foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos. O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um”. (“A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 1998, p. 24.)
“Não há nenhum relato da criação do homem ou outras formas de vida, quando foram feitos espiritualmente. Existe apenas a simples declaração de que foram assim criados, antes de o serem fisicamente. As declarações em Moisés 3:5 e Gênesis 2:5 são interpolações inseridas no relato da criação física, explicando que todas as coisas foram primeiramente criadas em forma espiritual no céu, antes de serem colocadas nesta Terra.”(Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, vol. I, p. 83.)
“Há quem afirme que Adão não foi o primeiro homem criado nesta Terra, e que o ser humano original desenvolveu-se de formas inferiores da vida animal. Tais idéias, entretanto, são teorias dos homens. A palavra do Senhor declara que Adão foi ” 0 primeiro de todos os homens” (Moisés 1 :34J; temos, portanto, o dever de considerá-lo como o pai da raça humana. O Senhor mostrou ao irmão de Jarede que todos os homens foram criados no princípio segundo a imagem de Deus; e quer achemos que tal criação se referia ao espírito ou ao corpo, ou a ambos, isso nos leva à mesma conclusão: O homem iniciou sua vida neste planeta como um ser humano, semelhante a nosso Pai Celestial ” É verdade que o corpo do homem inicia a sua carreira como um pequenino embrião, que se toma um bebê, vivificado até certa época pelo espírito em cujo tabernáculo se encontra, e a criança, após nascer, desenvolve-se até se tomar um homem. Nada existe neste processo, entretanto, indicando que o homem original, o primeiro da nossa raça, tenha iniciado sua existência como qualquer coisa inferior a um homem, ou menos que um germe ou embrião humano que nele se transforma. O homem, pela busca, não pode encontrar a Deus. Em hipótese alguma, sem auxílio, ele conseguirá descobrir a verdade concernente ao início da vida humana. O Senhor deve-se revelar ao homem, ou permanecer oculto; e o mesmo acontece aos fatos relativos à origem da raça adãmica – somente Deus pode revelá-la. Alguns destes fatos, entretanto, já são conhecidos, e o que nos foi dado a conhecer, temos a obrigação de aceitar e manter. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, baseando a sua crença na revelação divina, antiga e modema, proclama que o homem, por linhagem direta, é progênie da Deidade. O próprio Deus é um homem – exaltado, aperfeiçoado, entronizado e supremo. Através de seu poder total, ele organizou a Terra e tudo o que nela há, de espírito a elementos, que existem coeternamente com Ele. Deus formou cada planta que cresce, todo animal que respira, segundo a sua própria espécie, espiritual e temporalmente – ” 0 que é espiritual sendo à semelhança daquilo que é temporal; e aquilo que é temporal à semelhança do que é espiritual” (D&C 77:2). Ele criou o girino e o símio, o leão e o elefante, mas não os fez à sua imagem, nem os dotou de juízo e inteligência divina. Não obstante, toda Capítulo 7 a criação animal será aperfeiçoada e perpetuada na vida futura, cada espécie em sua “prescrita ordem ou esfera”, e desfrutarão de “felicidade eterna”. Este fato foi deixado bem claro nesta dispensação. (Doutrina e Convênios 77:3.) O homem é filho de Deus, criado na divina imagem e investido com atributos divinos. Assim como uma criança de pai e mãe terrenos é capaz de, no devido tempo, tomar-se um homem, os descendentes ainda não desenvolvidos de parentesco celestial, são capazes de, através da experiência de anos e eternidades, tomarem-se um Deus.” (A Primeira Presidência Joseph F. Smith, John R. Winder, e Anthon H. Lund, em James R. Clark, comp., Messages of the First Presidency of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 4:205-206; também parcialmente em Velho Testamento, Manual do Instituto, vaI. I, p. 31; e Debates para o Seminário de Preparação para o Templo, p. 10.)
“Não há um único homem nascido neste mundo que não tenha certa porção do Espírito de Deus, e é esse Espírito que lhe dá entendimento. Sem isso, seria apenas um animal sem entendimento, juízo, destreza ou capacidade, exceto para comer e beber, como fazem todos os irracionais. No entanto, uma vez que o Espírito de Deus dá entendimento a todos os homens estes se elevam muito acima dos animais. O homem ‘ foi criado à imagem do próprio Deus, a fim de que pudesse raciocinar, refletir, orar e exercer a fé; pode empregar suas energias para realizar os desejos de seu coração e, desde que aplique seus esforços na direção certa, tem direito a uma porção maior do Espírito do Todo-Poderoso, que o inspirará a adquirir mais inteligência, e a ser mais próspero e feliz nesta vida; porém, à medida que prostitui suas energias para o mal, a inspiração do Pai lhe será retirada, até tomar-se tão ignorante e rude no tocante ao conhecimento de Deus, que será tão estúpido quanto um animal irracional ” (Joseph F. Smith, Doutrina do Evangelho, p. 58.)
“Sabemos que Jeová-Cristo, auxiliado por “muitos nobres e grandes” (Abraão 3 :22), dentre os quais Miguel é apenas um exemplo, realmente criou a Terra e todas as formas de vida vegetal e animal que existem em sua superfície. Porém, quando chegou o momento de colocar o homem neste planeta, houve uma substituição de Criadores. Isto é, o próprio Pai se envolveu pessoalmente. Todas as coisas foram criadas pelo Filho, usando o poder delegado pelo Pai, exceto o homem. Tanto no espírito como na carne, o homem foi criado pelo Pai. Não houve delegação de poder no que concerne à criação do homem.” (Bruce R. McConkie, The Promised Messiah, p. 62. )
O sétimo dia (Gênesis 2:1-3)
No sétimo dia Deus não trabalhou, mas descansou de toda sua obra, e santificou o sétimo dia.
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