A importância dos nossos talentos ocultos

Recentemente, fiz uma entrevista para um estágio como escritora. Foi via Skype, então me preparei e até usei um vestido (como se desse para diferenciar se eu estava de vestido ou de calça jeans), porque eu estava muito nervosa.

O entrevistador começou e parecia que estar correndo tudo bem. Ele me perguntou sobre a minha experiência em escrita, edição, etc.

E então, me fez a pergunta que é a causa de meu constante medo: “Quais são alguns dos seus passatempos? ”

A entrevista era para a posição de escritora, então acredito que eles não se impressionariam se eu dissesse que meu único passatempo é escrever. Assim, gosto de ler, mas leiam o que aconteceu:

Eu: Eu gosto muito de ler.

Entrevistador: O que você gosta de ler?

Eu: Hum… na maioria das vezes livros pequenos e também um livro sobre confeitar bolos. Ah, eu também amo bolo. Gostar de bolos é um passatempo? Não?! Sorvete?

Será que sou a única pessoa que se sente assim? Vou compartilhar com vocês uma lista dos meus passatempos: tomar banho (É um vício, não estou brincando. Amo tomar banho.), cheirar loções para corpo e banho, comer chocolate e outros doces, fazer playlists no Spotify e jogar Boggle no meu celular. Nada disso impressiona. Não posso listar nada disso como passatempo.

Já faz muito tempo que me sinto envergonhada por não ter nenhum passatempo ou talento que eu possa compartilhar.

Não sei fazer comidas de nível Master Chef. Não consigo correr 2 quilômetros sem querer morrer depois.

Não faço nem ideia de como costurar, e já que meus olhos não têm a capacidade de olhar para 80 direções diferentes ao mesmo tempo, duvido que serei capaz de tocar qualquer coisa mais complicada do que “O Ursinho Pooh” no piano.

É sério, não consigo entender como as pessoas conseguem ler duas claves ao mesmo tempo! Como elas conseguem?!

Algumas semanas atrás, eu estava conversando sobre isso com uma amiga. Expressei minhas frustrações por não ter muitos talentos.

Ela é uma cozinheira incrível, meu esposo é um maravilhoso guitarrista… eu me sentia cercada de pessoas com tantos talentos, mas eu mesma não tinha nenhum.

No dia seguinte, minha amiga me disse, “Estava aqui pensando e você tem talentos sim. Talvez eles sejam do tipo que nem todas as pessoas possam ver. Mas, você é tão boa em amar as pessoas.

Você é muito boa em fazer as pessoas se sentirem especiais. E talvez não seja tão obvio quanto alguém que toque bem guitarra, mas é tão importante quanto.”

Aquelas palavras não só me fizeram chorar, mas também me ajudaram a realmente entender que não preciso ser a melhor em todas as coisas.

Não me entenda mal, eu ainda quero desenvolver alguns passatempos – nem que seja para a minha próxima entrevista – mas percebi que isso é tão importante quanto desenvolver talentos internos.

Ser bom com o próximo, ser paciente, dizer coisas boas sobre alguém, ao invés de espalhar fofocas. Assim como talentos e passatempos externos levam tempo para serem desenvolvidos, também é preciso dedicação e esforço para desenvolver talentos e passatempos internos.

Então, não tem problema se você não consegue fazer malabarismos, não tem problema se você não fala cinco línguas diferentes, não tem problema se você não é como Mozart ou Leonardo da Vinci. Não tem problema ser simples.

Não há nada de errado em eu ser apenas eu, e não há nada de errado em você ser apenas você.

Fonte: LDSBlogs

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