Por que o discurso de Jacó em 2 Néfi 9 é cheio de “ais”?
“Mas ai daquele a quem foi dada a lei, sim, que tem todos os mandamentos de Deus, como nós, e que os transgride e desperdiça os dias de sua provação; porque o seu estado é terrível.”
2 Néfi 9:27
O Conhecimento
Como parte de seu grande discurso, provavelmente dado na ocasião da coroação de Néfi como rei (2 Néfi 5:18), Jacó adorou a Deus, Seus muitos atributos e Seu plano de Salvação (2Néfi 9:8-22).
Jacó foi tão eloquente que Grant Hardy, um professor na Universidade da Carolina do Norte, dublou parte do seu sermão (2 Néfi 9:17-19) em “Um Hino ao Santo de Israel”.
Em meio a essa adoração inspiradora, Jacó entrou em uma inesperada sequência de “ais” ao condenar diversas práticas. Em meio aos versículos de 2 Néfi 9:27-38, Jacó pronuncia 10 “ais” contra mentirosos, assassinos, adoradores de ídolos, pessoas que pensam que não precisam de Deus devido a própria sabedoria ou riqueza, entre outros.
Porque há exatamente 10 “ais”, eles são chamados de “Os dez ais de Jacó, e são comparados aos famosos Dez Mandamentos dados a Moises no Monte Sinai (ver Êxodo 20:3-17).
John W. Welch explicou “Aparentemente, Jacó tinha o Decálogo de Deuteronômio 5 ou Êxodo 20 em mente quando escreveu essas palavras. As proibições contra adorar imagens, cometer assassinato ou adultério e prestar falso testemunho (ver Êxodo 20:4–6, 13–14, 16) são claramente presentes entre o sexto e o nono ‘ai’”.
No entanto, os dez “ais” de Jacó, não são uma mera repetição dos Dez mandamentos. “Considerando que o decálogo deu as leis,” observou Welch, “Jacó deu um passo além ao expressar as consequências de quebrar aquelas leis. Além disto, os princípios de Jacó foram dados sob medida, como uma revelação para seu povo e suas necessidades”.
O Porque
A sutil, porém, significante conexão entre os Dez Mandamentos e os dez “ais” de Jacó, é importante para entender porque Jacó incluiu esses avisos sobre as consequências do pecado, em meio ao seu grande louvor a Deus.
No monte Sinai, Deus fez um convênio com o Seu povo (ver Êxodo 19:5), como claramente entendeu Jacó. “AS bênçãos do convênio”, explicou o estudioso do Velho Testamento, Jonh L. Collins, “são consequências da observância da lei”.
No mundo antigo, os convênios seguiam um padrão específico no qual as estipulações eram expostas, e as consequências de guardar ou manter o convênio eram explicadas.
No Monte Sinai, os Dez Mandamentos estavam entre “as estipulações do convênio”. Ambas, as bênçãos e as consequências estão presentes na renovação do convênio no Monte Ebal (ver Deuteronômio 27-28).
Apesar de nem sempre ser notado, na verdade Jacó disse aos seus ouvintes que o propósito ao citar Isaías foi “para que tenhais conhecimento dos convênios que o Senhor fez com toda a casa de Israel” (2 Néfi 9:1).
Portanto, os dez ais encontrados em 2 Néfi 9:27-38, funcionam como a lista de estipulações e consequências ligadas a violação do convênio.
Além disso, o tradicional e velho padrão do convênio modelou o discurso de Jacó. Essa fórmula completa ensina uma importante lição, dizendo que a plenitude do evangelho não é somente sobre a bondade e as bênçãos de Deus, mas também sobre ter que lidar com as consequências do pecado.
Por saber a necessidade de manter e obedecer os convênio de Deus, o próprio Salvador disse alguns ais para os fariseus e escribas, chamando-os ao arrependimento pelas violações de vários requisitos da lei (ver Mateus 23).
O Salvador também seguiu o padrão de declarar tanto as bençãos quanto as maldições em seu Sermão da Montanha (Lucas 6:17-26).
À medida que o mundo continua a avançar em direção a uma atitude mais liberal em relação a muitos comportamentos morais, as pessoas tendem a refazer a imagem de Deus e transformá-la em uma imagem do mundo (ver D&C 1:16).
E frequentemente o resultado é enfatizar somente o amor e a misericórdia de Deus, enquanto ignoram as estipulações e consequências.
Em contraste, o poderoso discurso de Jacó no relembra não somente de que “grande é a misericórdia de nosso Deus, […] Porque liberta seus santos daquele horrível monstro, o diabo, e da morte e do inferno (2 Néfi 9:19), mas também da “grandiosidade e a justiça de nosso Deus! Porque ele executa todas as suas palavras, e elas saíram-lhe da boca, e a sua lei deve ser cumprida” (2 Néfi 9:17).
A justiça de Deus inclui as consequências da violação da lei. Vemos sua misericórdia através de nosso Salvador e ao termos tempo para mudarmos e nos reconciliarmos.
Apesar de sempre ser possível que nos arrependamos, a verdade de que nem todos os comportamentos são aceitos pelo Senhor, permanece.
Em seus dez ‘ais’, Jacó identificou vários desses comportamentos inaceitáveis e alertou sobre as consequências que cairão sobre aqueles que violam seus convênios e não se arrependem.
Fonte: Book of Mormon Central
O Livro de Mórmon é apresentado na Feira Internacional do Livro, no México
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