O presidente Nelson compartilha como o profeta Néfi o influenciou
Esse artigo é um trecho do livro “Heroes of the Book of Mormon”. Este excerto foi escrito pelo presidente Nelson.
A primeira vista, parece estranho que Néfi, filho de Leí – um homem nascido há aproximadamente 615 anos antes de Cristo – tenha uma influência tão contemporânea e contínua sobre minha vida. Mas ele tem.
Quando recebi o meu chamado para servir como um dos Doze Apóstolos, a minha resposta incluiu uma citação de Néfi: “Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor, porque sei que o Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes preparar um caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas” (1 Néfi 3:7). Assim, num dos momentos mais importantes da minha vida, falei as palavras de um homem que nunca tinha conhecido, mas em quem tinha confiança implícita.
Desde que a irmã Nelson e eu nos casamos, tentamos imitar o exemplo de Néfi em aceitar designações na Igreja. Nesse mesmo discurso em que citei as palavras de Néfi, eu disse: “Aprendi a não colocar pontos de interrogação, mas a usar pontos de exclamação quando os chamados são transmitidos por meio de canais inspirados do sacerdócio” (“Call to the Holy Apostleship” Ensign, maio de 1984, p. 52).
Aplicar as escrituras em nossa vida
Néfi tinha influenciado minha vida anteriormente através de meus muitos anos como um educador, pesquisador e cirurgião. Tendo crescido numa época em que não estava na moda os médicos participarem em assuntos religiosos, estava determinado a ser diferente. Eu queria seguir o exemplo de Néfi, que ensinou que devemos “aplicar todas as escrituras a nós” (1 Néfi 19:23). O conceito de misturar a verdade bíblica com o aprendizado acadêmico e não os separar fez todo o sentido para mim.
Tirei muita coragem desse conceito ao pesquisar sobre o coração. Quando me formei na faculdade de medicina, acreditava-se que não podíamos tocar em um coração que estava batendo, por medo dele parar. Por causa dos ensinamentos de Néfi, escolhi comparar as escrituras à área de meu interesse, o coração. Versículos de Doutrina e Convênios que serviram para compreender o meu pensamento incluíram:
Há uma lei, irrevogavelmente decretada no céu antes da fundação deste mundo, na qual todas as bênçãos se baseiam.
E quando recebemos uma bênção de Deus, é por obediência à lei na qual ela se baseia (D&C 130:20-21).
A todos os reinos se deu uma lei;
E há muitos reinos; pois não existe espaço em que não haja reino; e não existe reino em que não haja espaço, seja um reino maior ou um reino menor.
E a todo reino é dada uma lei; e toda lei também tem certos limites e condições (D&C 88:36-38.)
Estas escrituras me ajudaram a entender que as leis pertenciam a todas as bênçãos, incluindo a do coração pulsante. Eu senti que uma vez que entendêssemos quais são as leis que mantêm o coração batendo, nós deveríamos ser capazes de parar um coração danificado, fazer reparos necessários, e fazê-lo bater novamente. De fato, isso provou ser verdade. Os cirurgiões agora rotineiramente param e iniciam o batimento do coração, sabendo que as leis divinas relativas a essa bênção são confiáveis e incontestáveis.
Durante os longos anos de educação que passei estudando para receber dois títulos de doutor, as escrituras também me ajudaram a distinguir entre aprendizagem e sabedoria. Sou tão grato por este conselho de Néfi, que citou o seu irmão Jacó:
“Oh! A vaidade e a fraqueza e a insensatez dos homens! Quando são instruídos pensam que são sábios e não dão ouvidos aos conselhos de Deus, pondo-os de lado, supondo que sabem por si mesmos; portanto, a sua sabedoria é insensatez e não lhes traz proveito. E eles perecerão. Mas é bom ser instruído, quando se dá ouvidos aos conselhos de Deus”(2 Néfi 9:28-29).
Néfi: homem de fé e habilidade
Um estudo da vida de Néfi fornece inspiração, bem como informações. Para mim, é altamente significativo que a sua primeira declaração nas escrituras elogie seus pais, Leí e Saria (ver 1 Néfi 1:1). Um sinal de grandeza naquela época e atualmente é a expressão de honra reverente aos pais.
A família de filhos de Leí e Saria – Lamã, Lemuel, Sam, Néfi, Jacó e José – e filhas não mencionadas, é familiar aos leitores do Livro de Mórmon (ver 2 Néfi 5:6). Embora Lamã e Lemuel muitas vezes resistissem aos conselhos de seu pai, a maioria dos filhos de Leí o honraram e seguiram sua orientação. O principal entre eles era Néfi. As provações de Néfi enquanto obtinha as placas de Labão são um bom exemplo.
O patriarca Leí respondeu à instrução divina, removendo sua família da terra de Jerusalém. O grupo viajou para o sul, para o deserto adjacente ao Mar Vermelho. Leí foi informado que se ele e sua família permanecessem obedientes, eles seriam levados a uma terra “escolhida acima de todas as outras terras” (1 Néfi 2:20; 2 Néfi 1:5) mas para preservar a sua fé, eles precisavam ter as escrituras com eles.
Então Leí, sob inspiração, enviou seus filhos de volta a Jerusalém para obter de Labão, valiosos registros escritos em placas de latão que continham as escrituras sagradas e a genealogia de Leí e seus ancestrais. Depois de muitos desafios, as placas foram obtidas. O servo de Labão, Zorã, juntou-se aos nefitas; a espada de Labão, uma arma esmeradamente trabalhada, foi trazida a Leí.
Como Santos dos Últimos Dias, conhecemos bem essa história. Mas estamos menos familiarizados com o terreno e o clima dessa área. A irmã Nelson e eu visitamos Israel várias vezes. Quando viajamos em seu setor sul, viajamos no conforto de um veículo com ar condicionado – algo imprescindível para nós naquela área extremamente quente do deserto. Depois de uma hora ou duas sob os raios impiedosos do sol do meio-dia, ansiosamente buscamos uma bebida fria ou um retorno precoce para acomodações com ar condicionado.
Embora o lugar onde Leí fez o pedido a seus filhos para retornar a Jerusalém não seja exatamente conhecido, nós sabemos que era ao longo da costa oriental do Mar Vermelho. A distância que teriam percorrido – ida e volta – foi estimada em pelo menos 400 quilômetros.
É um longo caminho para percorrer sem estradas, carros, bebidas frias ou ar condicionado. Não é de se admirar que Lamã e Lemuel murmuraram (ver 1 Néfi 3:5). Não é de se admirar que a mãe se queixou (ver 1 Néfi 5:2-3). Mas Néfi disse: “eu irei e cumprirei”. Uma resposta semelhante foi reformulada em outra ocasião, quando ele disse, “E se os filhos dos homens aguardam os mandamentos de Deus, ele alimenta-os e fortalece-os e dá-lhes meios pelos quais poderão cumprir as coisas que lhes ordenou” (1 Néfi 17:3).
Quando Leí pediu aos seus filhos para voltarem a Jerusalém uma segunda vez, a sua caminhada através do deserto quente também teria sido sem o benefício dos confortos a que estamos acostumados. Eu respeito profundamente a fé de Néfi, cuja declaração “eu irei e cumprirei” citamos tão livremente. Essas palavras têm um significado profundo para mim.
A profundidade da determinação de Néfi em seguir conselhos inspirados é novamente revelada em uma declaração feita mais tarde: “Se Deus me tivesse ordenado que fizesse todas as coisas, poderia fazê-las. Se ele me ordenasse que dissesse a esta água: Converte-te em terra, ela se converteria; e se eu o dissesse, assim seria feito”(1 Néfi 17:50). Esse tipo de fé tornou Néfi destemido.
As qualidades de Néfi
Néfi tinha outras excelentes qualidades também. Os desafios da discórdia dentro da família de seu pai devem ter sido ainda mais desconfortáveis do que o sol e o deserto. A colônia de Leí e de Saria passaram um total de oito anos no deserto. Lamã e Lemuel eram mais velhos que Néfi, rebeldes contra ele e seu pai, Leí. A intervenção divina foi necessária em várias ocasiões para impedir que esses filhos frustrassem os planos de seu profeta-pai.
Pouco depois da morte de Leí, Lamã e Lemuel e os filhos de Ismael se rebelaram abertamente contra Néfi – o sucessor espiritual de seu pai – de tal forma que eles tentaram matá-lo, como haviam feito vários anos antes. No entanto, sua atitude ainda era gentil e fraternal, como quando ele tinha dito: “eu lhes perdoei sinceramente tudo o que haviam feito.” (Ver 1 Néfi 7:16, 21; 2 Néfi 5:2)
Enquanto isso, Néfi se tornou o proeminente guardião dos registros de sua civilização, superado talvez apenas por Mórmon. Ordenado para manter registros precisos de eventos que ele testemunharia, Néfi formou algumas placas que ele chamou as placas de Néfi (mais tarde chamadas as grandes placas de Néfi), sobre as quais ele gravou a história de seu povo.
Néfi era um líder exemplar. Ele era um jovem quando foi chamado para ser um profeta, e ele estabeleceu um governo baseado em princípios políticos, legais, econômicos e religiosos. Seu povo o proclamou rei, embora ele tenha resistido a esta ação inicialmente.
Ele os ensinou a serem diligentes e a prover às suas necessidades. Ele os preparou para se defenderem. Ele construiu um templo e ungiu seus irmãos mais novos, Jacó e José, como sacerdotes e professores para instruir o povo e liderá-los em assuntos espirituais (Ver 2 Néfi 5:10, 16, 26; Jacó 1:18).
Antes de morrer, ele nomeou um novo rei e nomeou seu irmão Jacó como cuidador dos registros religiosos.
“Néfi deu a mim, Jacó, um mandamento concernente às placas menores. E ele ordenou a mim, Jacó, que escrevesse nestas placas algumas das coisas que eu considerasse muito preciosas; que eu deveria guardar estas placas e transmiti-las a meus descendentes, de geração em geração. E se houvesse prédicas sagradas ou grandes revelações ou profecias, deveria eu gravar seus pontos principais nestas placas e escrever sobre elas tanto quanto fosse possível, por amor a Cristo e para o bem de nosso povo” (Jacó 1:1-4).
Néfi também era um grande seguidor. Ele confiava completamente em Deus. Néfi nos ensinou que, embora ninguém possa discernir o propósito e o significado de todas as situações da vida, podemos ter certeza de que [Deus] ama seus filhos (1 Néfi 11:17).
A grande confiança de Néfi na Deidade é tipificada em sua declaração: “A minha voz eternamente ascenderá a ti, minha rocha e meu Eterno Deus” (2 Néfi 4:35).
A resposta de Néfi ao mandamento do Senhor para construir um navio fornece outro vislumbre de sua fé notável. Através dos tempos, vários grandes profetas se sentiram oprimidos por tarefas atribuídas a eles pelo Senhor. O inexperiente Néfi facilmente poderia ter se perguntado como construir um navio. Mas sua resposta imediata foi simplesmente: “Senhor, aonde irei a fim de encontrar minério para fundir e fazer ferramentas?”(1 Néfi 17:9) O Senhor mostrou a Néfi como construir o navio.
Os talentos de Néfi e seu caráter
Néfi era um artesão de versatilidade incomum. Ele pessoalmente refinou o minério, desenhou a forma e fez as placas de metal em que ele escreveu (ver 1 Néfi 19:1). Quando seu arco de aço quebrou, ele fez um de madeira (ver 1 Néfi 16:23). Ele fundiu minério, ferramentas e construiu um navio “de modo esmerado” (ver 1 Néfi 17:16; 18:1).
Na terra prometida, ele estabeleceu uma cidade, construiu um templo “conforme o modelo do templo de Salomão” e ensinou as pessoas a construir edifícios e a trabalhar em madeira, ferro, cobre, bronze, aço, ouro, prata e minérios preciosos (ver 2 Néfi 5:15-16).
A fé de Néfi foi apoiada pela determinação. Temos registro de um juramento muito significativo, em que declarou: “Assim como vive o Senhor e vivemos nós, não desceremos para o deserto onde está nosso pai até havermos cumprido o que o Senhor nos ordenou” (1 Néfi 3:15).
Naqueles dias, nenhum homem sonharia em quebrar tal juramento. Seria o mais solene de todos os juramentos ao semita: “Assim como o Senhor vive e vivo eu!” Néfi fez esse juramento a fim de tranquilizar Zorã de uma vez (ver 1 Néfi 4:32, 35).
Outra medida da grandeza de um líder pode ser avaliada em sua previsão para preparar seus sucessores. Em sua velhice, Néfi ungiu um homem para ser rei e governar o seu povo. Em consideração ao nome de Néfi, o rei foi chamado de Segundo Néfi. Reis sucessores foram chamados de Terceiro Néfi e assim por diante.
Quando Néfi faleceu, Segundo Néfi tornou-se rei dos nefitas; Jacó, o irmão mais novo de Néfi, tornou-se seu profeta.
Resumo e conclusão
Néfi era um gênio por diversos aspectos. Dotado de grande estatura física, ele era um profeta, professor, governante, colonizador, construtor, artesão, estudioso, escritor, poeta, líder militar e pai de nações. Néfi tinha um desejo sincero de conhecer os mistérios de Deus. Ele se tornou uma testemunha especial e um profeta que o Senhor confiava muito.
Néfi viveu uma vida repleta de aventuras e enfrentou inúmeras dificuldades. Alguns dos desafios que enfrentou foram fugir de Jerusalém, construir um navio, atravessar as águas em direção a terra prometida, colonizar, resistir à perseguição, cumprir responsabilidades familiares e de liderança, e manter registros.
No final de sua vida inspiradora, Néfi escreveu seu testemunho conclusivo e deu testemunho da doutrina de Cristo, do poder do Espírito Santo, e da veracidade das palavras que ele havia escrito. Apropriadamente, seu testemunho final fechou com as palavras que poderiam ser conhecidas como sua assinatura: “Devo obedecer.”
Poucos falaram tão profundamente em nome de uma geração para outra. Verdadeiramente, a vida e a missão de Néfi estavam destinadas a nos abençoar e a abençoar a todas as pessoas de nossa época.
Fonte: LDS Living
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