Como percebemos o tempo e como ele está relacionado a Segunda Vinda
Constantemente o Senhor tem indicado que o fim dos tempos está próximo e que o dia de Sua vinda chegará em breve. No entanto, a maioria dessas passagens das escrituras têm quase duzentos anos, mas ainda estamos esperando que se cumpram.
Então, como devemos interpretar palavras como “próximo”, “em breve”, “apressar” e “rapidamente”? É por isso que alguns, incluindo membros fiéis da Igreja, afirmam que não temos nenhum motivo para acreditar que a Segunda Vinda acontecerá nos próximos quinhentos ou seiscentos anos e que nossa preparação é vã.
Para entender as profecias, precisamos levar em consideração alguns aspectos relacionados ao tempo e como estamos interpretando a terminologia escriturística. Desta forma, talvez algumas dessas aparentes contradições possam ser explicadas.
Vejamos alguns pontos que devemos levar em consideração quando tratamos de assuntos como o tempo e o futuro:
- Devemos ter cuidado para não presumir que nossa interpretação do que uma palavra ou frase significa é a correta ou a única.
Por exemplo, vamos examinar mais de perto o que Morôni disse a Joseph Smith em 21 de setembro de 1823. Ele citou o décimo primeiro capítulo de Isaías, dizendo que estava para se cumprir.
Algumas pessoas assumem que é uma referência à Segunda Vinda de Cristo. Porém, uma leitura desse capítulo mostra que embora haja referências de acontecimentos futuros para nós – por exemplo, o retorno das dez tribos (ver Isaías 11:16) – a maior parte do capítulo faz referência a outras coisas, tais como o surgimento de um profeta nos últimos dias, a Restauração do reino de Deus e o início da coligação da casa de Israel.
Agora sabemos que o profeta foi Joseph Smith e que o reino é A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Em outras palavras, enquanto Morôni falava, o chamado de Joseph estava sendo cumprido, e em menos de sete anos, se cumpriria a promessa de que o reino de Deus seria novamente restaurado na Terra. Isso certamente se qualifica como “prestes a ser cumprido”.
Como outro exemplo, Morôni citou Joel e disse que “não havia sido cumprido, mas logo o seria.”. Veja parte dessa passagem: “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos sonharão sonhos, os vossos jovens verão visões” (Joel 2:28).
Novamente, se presumirmos que é algo que acontecerá somente depois da Segunda Vinda do Salvador, então ainda está no futuro para nós. Mas se considerarmos que quando a Igreja foi restaurada, o dom do Espírito Santo estava mais uma vez disponível para seus membros e a revelação começou a ser derramada sobre o povo, então essa profecia também estava a apenas poucos anos de seu cumprimento.
Em resumo, Moroni não estava falando de coisas que nós ainda esperamos. Algumas destas coisas estavam, como Elias afirmou, de fato “às portas” (D&C 110:16).
- Em nossa época, percebemos e lidamos com a passagem do tempo de maneira diferente das outras gerações.
Hoje em dia, o tempo está tão entrelaçado em nossa vida diária que raramente pensamos no próprio conceito de tempo. Vamos ver alguns exemplos disso:
Ao contrário de nossos antepassados, medimos o tempo de forma muito precisa. Alguns eventos olímpicos são medidos em um milésimo de segundo. Constantemente medimos nossas vidas em horas, minutos e as vezes até segundos, enquanto séculos atrás, as pessoas mediam seu tempo em dias, semanas, estações e anos.
Por causa disso, nossas vidas estão cheias de dispositivos que controlam o tempo para nós. Um exemplo prático disso é observar quantos dispositivos precisamos verificar e ajustar quando estamos no horário de verão. Geralmente não percebemos o quanto nossas vidas são influenciadas pelo tempo.
Porém milhões, até mesmo bilhões, de pessoas viveram (e ainda vivem!) usando apenas o sol, a lua e as estrelas para marcar a passagem do tempo.
Um bom exemplo de diferentes visões do tempo é encontrado no último discurso do rei Benjamim. Citando as palavras de um anjo, o rei Benjamin disse a seu povo “eis que o tempo se aproxima e não está muito longe, em que, com poder, o Senhor… descerá dos céus no meio dos filhos dos homens… ressuscitará dentre os mortos” (Mosias 3:5,10).
O rei Benjamim estava falando em 124 a.C., o que significa que o nascimento de Cristo ainda estava a mais de um século de acontecer. E a visita do Cristo ressuscitado aos nefitas ainda levaria 158 anos no futuro! Essa diferença em nossa percepção do tempo é uma realidade que devemos levar em consideração.
- O tempo é uma constante, mas nossa percepção do tempo é relativa e pode variar de um momento para outro.
Vamos observar um exemplo simples desse fato:
Uma pessoa – vamos chamá-la de Ana – tem um intervalo de vinte minutos duas vezes ao dia durante seu turno de oito horas em seu local de trabalho. Depois de um tempo, ela percebe como esse tempo passa rápido.
Ana mal se sentou, e parece que seu intervalo já acabou. Então, um dia, ela tem uma ideia. Ana encontra um lugar para se sentar onde há um relógio de parede logo acima dela.
Enquanto descansa, ela frequentemente olha para a hora e, para sua surpresa, a hora parece passar muito mais devagar. Ela sabe que isso realmente não acontece, mas parece que sim, e então é aí que ela consegue aproveitar seu momento de descanso.
Embora possamos não pensar conscientemente nesse fenômeno, todos nós já o experimentamos. Por exemplo, quando temos um prazo apertado em uma tarefa importante, ficamos desanimados com a rapidez com que o tempo passa.
Por outro lado, quando esperamos ansiosamente que algo importante aconteça, podemos sentir que as horas demoram muito para passar. Pessoas mais velhas costumam dizer coisas como: “Isso foi há vinte anos, mas parece que foi ontem.”
Frequentemente, duas pessoas que passam pela mesma experiência perceberão a passagem do tempo de maneira muito diferente – por exemplo, um menino e uma menina em seu primeiro encontro.
- Somos ensinados que Deus não experimenta ou percebe o tempo da mesma forma que os humanos.
Não entendemos totalmente como isso é possível, mas existem várias escrituras que ensinam que Deus percebe o tempo de uma forma diferente da nossa.
Uma vez fizeram a seguinte pergunta a Joseph Smith sobre o tempo: “Não é calculado o tempo de Deus, o tempo dos anjos, o tempo dos profetas e o tempo dos homens de acordo com o planeta em que habitam?”
O que Joseph disse a respeito do tempo de Deus é intrigante: “Os anjos… habitam na presença de Deus, em um globo semelhante a um mar de vidro e fogo, onde todas as coisas passadas, presentes e futuras manifestam-se para sua glória; e estão continuamente diante do Senhor” (D&C 130:4, 6–7).
Na presença de Deus todas as coisas são manifestadas (que significa “esclarecidas”), incluindo o que é passado, presente e futuro, e estes estão continuamente diante do Senhor. Esse é um conceito impressionante, porque nesta vida, o tempo chega até nós de uma forma linear.
Podemos lembrar o passado e imaginar o futuro, mas só podemos experimentar o presente. E aquele momento que chamamos de “o presente” está sempre, inexoravelmente avançando.
Mas o que Joseph ensinou sugere é que Deus está acima da linha do tempo, e não sobre ela. Assim, Ele pode olhar “para baixo” sobre nós e ver nosso passado, nosso presente e nosso futuro simultaneamente.
Isso explicaria um de Seus atributos divinos, que Ele é um Ser onisciente. Entender este conceito é muito difícil para nós, pois somos o que pode ser chamado de “cegos para o tempo”. Portanto, precisamos ser cautelosos ao fazer generalizações abrangentes sobre como percebemos o tempo.
Essa mesma ideia sobre Deus e o tempo é confirmada em outras escrituras. Quando Alma estava ensinando Coriânton – o filho que cometeu fornicação enquanto servia como missionário – ele fez a seguinte declaração: “Tudo é como um dia para Deus e o tempo somente é medido pelos homens” (Alma 40:8).
Nos primeiros versículos de uma das revelações que o Salvador deu por meio de Joseph Smith, o Salvador descreveu a Si mesmo de várias maneiras – “Senhor vosso Deus, Jesus Cristo, o Grande Eu Sou, o Alfa e o Ômega” – e então Ele disse que era “aquele que olhou por sobre a vasta extensão da eternidade e todas as hostes seráficas dos céus dantes que o mundo fosse efeito; aquele que conhece todas as coisas, porque todas as coisas estão presentes diante de meus olhos” (D&C 38:1–2).
A palavra “presente” é interessante porque tem duas definições. Uma está relacionada ao espaço. Nesse sentido, estar presente significa estar “aqui”. Mas a palavra “presente” também está relacionada ao tempo e, nesse sentido, significa “agora”.
Será que nesta declaração do Salvador ambos os significados de presente foram usados, que todas as coisas e todo o tempo estão aqui e agora para Ele?
Esse é um conceito incompreensível, mas é interessante que Albert Einstein tenha proposto uma ideia semelhante em sua teoria da relatividade. Ele disse que quando uma pessoa começa a acelerar até se aproximar da velocidade da luz, duas coisas acontecem.
Todo o espaço começa a se contrair até se tornar “aqui” para aquela pessoa, e todo o tempo começa a se contrair até se tornar “agora” para aquela pessoa.
Tentar compreender como este conceito é possível pode nos dar dor de cabeça, mas os físicos confirmaram a teoria de Einstein. E isso parece confirmar o que as escrituras nos ensinam sobre Deus e o tempo.
O tempo da Terra, o tempo de Colobe e o tempo de Deus
Em sua segunda epístola aos primeiros membros da Igreja, Pedro escreveu: “não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pedro 3:8). Desde então esta afirmação confunde o mundo.
Felizmente, recebemos informações esclarecedoras nas escrituras modernas. Por meio do Urim e Tumim, Abraão foi ensinado que Colobe é uma estrela que Deus disse estar “próxima de mim” (Abraão 3:3).
Abraão também foi ensinado que uma revolução de Colobe (sua órbita, presumimos) era “era um dia para o Senhor, segundo a sua maneira de calcular”, mas era “mil anos” em nosso cálculo do tempo (Abraão 3:4). Isso não apenas confirma o que Pedro disse, mas nos esclarece ainda mais sobre seu significado.
Então, por que isso é importante para nós nesta discussão sobre quão breve será a vinda do Filho do Homem? Porque nos dá outra perspectiva – a perspectiva de Deus – no tempo.
Agora sabemos que não é apenas a nossa percepção do tempo que influencia a forma como o experimentamos, mas também onde estamos no espaço – outro aspecto que Einstein pressupõe.
E o mais importante, agora temos uma comparação precisa de nosso tempo e o tempo de Deus. Então, vamos fazer algumas conversões matemáticas do “tempo do Senhor” para o “nosso tempo”.
Se um dos “dias” do Senhor fosse igual a mil de nossos anos, então uma de suas “semanas” seria 7 mil dos nossos anos. Esta ideia de que a Terra existe há apenas uma “semana” é encontrada no livro do Apocalipse.
Nessa mesma escala, nosso milênio duraria apenas um dia para o Senhor. Isso nos ajuda a entender melhor porque o Milênio às vezes é chamado de “Dia do Senhor” (ver, por exemplo, 2 Néfi 12:2; D&C 2:1; 43:20) e por que o Senhor diria que Ele virá “amanhã” (D&C 64:24).
Continuando na mesma escala, uma “hora” do tempo do Senhor seria 41,7 anos do nosso tempo na terra.
Um “minuto” do tempo do Senhor seria 254 de nossos “dias”, ou cerca de dois terços do ano.
Com essas comparações, vamos fazer algumas extrapolações entre o nosso tempo e o tempo de Deus. Talvez isso mudará a forma como pensamos em palavras como “em breve”, “rapidamente”, “próximo” e assim por diante.
Conforme observamos, a maioria dessas frases é encontrada em revelações que foram dadas há quase 200 anos, o que significa várias “vidas” para nós. Mas considere o seguinte:
A expectativa de vida atual de uma pessoa no Brasil é de cerca de 76 anos. No tempo do Senhor, isso não chega a duas horas.
Se usarmos o tempo Colobe, 200 de nossos anos – o tempo desde que essas revelações foram dadas – é apenas 2,9% do tempo total dos 7 mil anos de existência da Terra.
Se uma família tivesse uma filha servindo uma missão de dezoito meses e só restasse apenas 2,9% de seu tempo, ela estaria em casa em quinze dias. Não acharíamos estranho se a mãe dissesse que sua filha estaria em casa “muito em breve”.
Conclusões
Embora tudo isso seja muito interessante, espero que nos dê uma nova perspectiva sobre o uso bíblico da terminologia “tempo”. Conforme observado, existem algumas pessoas que fazem uma pergunta diferente. É mais ou menos assim:
“Em todas as gerações, desde o tempo de Cristo, tiveram pessoas que estavam absolutamente certas de que Cristo viria em seus dias. E aqui estamos, dois mil anos depois, e ainda ouvimos a mesma afirmação. Que evidência concreta temos de que não somos como todos os outros e que Sua vinda só acontecerá daqui quinhentos ou seiscentos anos no futuro?”
É uma boa pergunta. E antes de responder, precisamos deixar uma coisa bem clara. Não estamos sugerindo que agora a Segunda Vinda possa acontecer a qualquer momento – ou até mesmo no próximo ano. Ainda há muitas coisas a serem feitas.
No entanto, o ritmo do cumprimento profético está aumentando, e nossos profetas videntes e reveladores continuam nos lembrando de que o tempo para se preparar é agora.
Fonte: LDS Living
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