Será que seremos fiéis mesmo quando as coisas não correrem bem?
Uma noite, estava lendo casualmente o material no aplicativo Biblioteca do Evangelho. O dia estava quase acabando, e eu estava procurando algo calmo, com versos bonitos sobre amor ou esperança.
De alguma forma, me deparei com um discurso que o Élder Lawrence C. Corbridge deu num devocional no Dia dos Pioneiros, em julho de 2019, no Assembly Hall na Praça do Templo.
Era um dia aleatório, não estava nem perto do Dia dos Pioneiros, mas mesmo assim comecei a ler. No meio do discurso, uma frase se surgiu do nada e me atingiu bem entre os olhos.
A frase era simplesmente: “outra acha que sua vida deveria ser mais feliz e melhor por causa de sua retidão.”
O uso de pronomes femininos do Élder Corbridge nessa frase em particular me trouxe o sentimento de que um atirador estava me chamando ao arrependimento. Então, parei de ler casualmente e li o discurso com mais atenção.
Percebi que não era nenhum tipo de ataque, mas um convite gentil para aprender algo que abrandaria meu coração para Deus e aprofundaria minha fé Nele.
E depois de um ano de contratempos e ajustes, acho que não estou sozinha em precisar de algum esclarecimento sobre como é ser fiel. Aqui está a humilde definição que encontrei do Élder Corbridge.:
“A questão não é se seremos fiéis quando as coisas correrem bem; pelo contrário, seremos fiéis quando não estiver tudo bem? A fé é a fidelidade na incerteza e no desapontamento… a fidelidade independentemente do resultado.”
Depois de estudar mais o discurso, percebi que poderia estar escorregando para a perigosa armadilha de acreditar que minha vida deveria ser melhor e mais feliz por causa das escolhas justas que eu estava tentando fazer. O Élder Corbridge me abriu os olhos para a verdadeira natureza da fé, ao voltar-se à história da Igreja.
“Onde está Deus?”
Se alguém fez escolhas difíceis, que alteram a vida para viver com retidão, foram os primeiros santos que seguiram o chamado do Profeta para mudar-se para o oeste.
O Élder Corbridge perguntou sobre sua decisão: “por que não aceitar as ordenanças e as escrituras e viver uma boa vida sem sacrifício notável? Por que não simplesmente abraçar uma nova religião e permanecer no lugar? Por que arrancar tudo e todos?”
Em resposta a essas perguntas, o Élder Corbridge lista o que alguns críticos diriam ser a motivação dos pioneiros: fanatismo religioso, o carisma de Joseph Smith, um forte senso de comunidade, ou mesmo a atração por um culto.
Contudo, o Élder Corbridge refuta essas afirmações olhando para a escala do que tantas pessoas desistiram. Ele então compartilhou uma citação de Jane Charters Robison, um converso, sobre suas razões para sair de casa para ir para Sião:
“Eu acreditava no princípio da reunião e senti que era meu dever ir, embora fosse uma dura prova para mim em meus sentimentos deixar a minha terra natal e as associações agradáveis que eu tinha formado lá, mas meu coração tomado. Eu sabia em quem confiara, e com o fogo do Deus de Israel ardendo em meu peito, abandonei a minha casa, mas não para colher bens ou as coisas perecíveis deste mundo.”
Do sentimento de Robison aprendemos que muitos dos Santos vieram para o oeste com a mais pura das intenções: eles queriam seguir os mandamentos de Deus e mostrar a sua confiança Nele. Eles estavam escolhendo viver fielmente.
Assim, uma vez que os primeiros pioneiros estavam seguindo os mandamentos de Deus, isso significava a vida através das planícies e, em seguida, no Vale de Salt Lake eles seriam abençoados e bem sucedidos… certo?
As suas vidas seriam abençoadas, mas talvez não da forma que Robison e outros imaginavam. Veja o que o Élder Corbridge ensinou:
“Alguns dizem que nada gera sucesso como o sucesso. Se essa é a fórmula para o sucesso, então a história de Joseph Smith, a Restauração, os pioneiros, e os primeiros Santos deveria ter sido uma história diferente, porque é uma história de repetidos fracassos e implacável oposição. É a história do sucesso final que surge das cinzas do fracasso.
Durante a caminhada através das planícies ocidentais, centenas, se não milhares, morreriam ao longo do caminho. Uma vez que os Santos chegaram no Vale de Salt Lake, casas, fazendas e comunidades tiveram que ser construídas no deserto. Alguns, se não muitos, perguntaram: ‘se isto é obra de Deus, onde Ele está?’”
E aí vem a frase que levou os comentários do Élder Corbridge da rota dos pioneiros para o meu coração:
“As pessoas fazem uma pergunta semelhante hoje. Alguns perdem a fé por causa das dificuldades. Uma filha morre e, em sua tristeza, os pais questionam a sua fé em Deus. outra acha que sua vida deveria ser mais feliz e melhor por causa de sua retidão. Porém é mais do que ‘Porquê eu?’ Em vez disso, é ‘onde está Deus?’ Porque é que ele permitiria que isto acontecesse apesar da minha fidelidade?”
Você consegue ver porque é que essas perguntas podem prejudicar a nossa relação com Deus? Podemos começar a pensar que Deus está nos negligenciando propositadamente ou que seus mandamentos são infundados. Entretando, o que realmente precisamos em situações difíceis é uma mudança de perspectiva.
O Élder Corbridge nos convida a lembrar o que aprendemos do propósito de Deus para a nossa vida na Terra em Abraão 3:25: “E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar.”
Agora é melhor entender que a verdadeira fé não é baseada em resultados. Às vezes Deus vai nos deixar experimentar o que percebemos como uma falta de bênçãos para que possamos entender que o Senhor nunca nos deixa sozinhos. O Élder Corbridge termina a sua mensagem com este conselho direto, mas reconfortante:
“Coisas ruins acontecem, mas como fizeram os pioneiros, devemos aceitar as realidades da vida, mesmo as duras, e confiar que com a ajuda do Senhor podemos suportar bem e que todas as coisas, boas e más, por fim trabalharão juntas para o nosso bem.”
Fonte: LDS Living
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